diplomacia

Cúpula UE-Celac leva Lula à Europa pela quarta vez no ano

O presidente participa da terceira cúpula dos países da União Europeia e da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac). O encontro em Bruxelas deve ter a presença de 60 líderes

Henrique Lessa
postado em 15/07/2023 03:55
Para o embaixador da UE no Brasil, Ignácio Ybáñez, o que se busca é o
Para o embaixador da UE no Brasil, Ignácio Ybáñez, o que se busca é o "mínimo denominador comum" - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca, amanhã, para Bruxelas, na Bélgica, onde participa da terceira cúpula dos países da União Europeia (UE) com a Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe (Celac). Sem acontecer há 8 anos, o encontro de dois dias começa na próxima segunda-feira e deve ter a presença de 60 chefes de estado, sendo 27 europeus e 33 da América Latina e do Caribe. Essa será a quarta viagem de Lula à Europa desde que assumiu o mandato. Desde janeiro, ele esteve em Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Itália e Vaticano.

Entre os temas previstos para o encontro, como mudanças no clima, comércio internacional, desenvolvimento sustentável, inclusão social, recuperação econômica pós-pandemia, transição energética e migração, a grande expectativa é a discussão sobre a guerra na Ucrânia, em que os europeus devem buscar a aproximação dos latino-americanos no apoio ao país invadido pela Rússia.

Os líderes da América Latina e do Caribe, porém, não devem fechar questão sobre a inclusão de uma moção de apoio à Ucrânia na declaração final da cúpula. O texto prévio, que vem sendo negociado entre diplomatas dos dois lados do Atlântico, enfrenta resistência de alguns países latino-americanos que têm relações mais próximas com a Rússia.

Ontem, 14 diplomatas envolvidos na Cúpula Celac-UE se reuniram na capital belga para construir um consenso. Sem sucesso, fontes do Itamaraty indicaram apenas que a declaração, faltando pouco mais de 48 horas para o início da cúpula, "ainda está em negociação".

O embaixador da Delegação da União Europeia no Brasil, Ignácio Ybáñez, disse que acredita que uma declaração conjunta é "a parte que fica na declaração, eu diria que muitas vezes, é o mínimo denominador comum, nunca o máximo de ninguém", ponderou e apostou que é possível encontrar os pontos de acordo entre as 60 nações no encontro.

Apesar das divergências, Ybáñez destacou que a posição do Brasil e da maioria do continente é a de condenar a invasão russa do território ucraniano. "Para nós, europeus, que somos vizinhos da Ucrânia, temos convicção completa de que a única forma de sair dessa situação é o apoio militar claro e determinado. Se deixarmos a Ucrânia sozinha, a guerra acaba, mas acaba com o desaparecimento da Ucrânia", apontou o diplomata europeu.

Mercosul

A cúpula não terá espaço formais para negociações envolvendo o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, mas a demonstração do interesse político em finalizar o acordo vai ser importante, destacou Ybáñez. Essas demonstrações, segundo ele, devem acontecer nas declarações dos chefes de estado, que podem apontar o interesse no acordo entre os dois blocos.

Apenas ontem o governo fechou a contraproposta brasileira para o documento adicional apresentado pelos europeus no acordo. Apesar de divergências internas, o presidente Lula bateu o martelo e autorizou o envio do documento aos demais sócios do bloco. Agora, após a avaliação de Paraguai, Uruguai e Argentina, o grupo deve encaminhar aos europeus a contraproposta oficial.

As divergências no governo giraram em torno da questão das compras governamentais. De um lado, os ministérios do Planejamento, do Desenvolvimento, e da Agricultura defendiam a necessidade de pequenos ajustes no que foi negociado em 2019. O Itamaraty e as pastas da Saúde, de Ciência e Tecnologia, e de Gestão e Inovação defendiam uma revisão mais abrangente que permitisse a atuação das compras públicas como um mecanismo para o estímulo da indústria local.

Mesmo sem a posição do Mercosul fechada, o assunto deve estar presente em todas as agendas bilaterais de Lula com líderes europeus durante o encontro. Já estão confirmadas agendas com os chefes de Estado e de governo da Bélgica — o rei Filipe e o primeiro-ministro Alexander de Croo, respectivamente —, além do chefe de governo da Áustria, Karl Nehammer; o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristenssen; e a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley. Lula também se encontrará com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; e com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.