O presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, afirmou que pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) os diálogos em que procuradores combinam organizar ataques contra ele. A articulação teria acontecido há cinco anos, quando Dantas reclamou, em uma entrevista, que o então juiz da Lava-Jato, o hoje senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), estaria restringindo o acesso do TCU às provas de delatores que fecharam acordo com a operação.
"Pedirei ao STF cópia de todos os diálogos para avaliar providências legais. Se forem verdadeiros, comprovam o incesto havido na Lava-Jato e revelam um bando de pistoleiros de aluguel recebendo uma encomenda de assassinato de reputação", disse Dantas.
As mensagens da Operação Spoofing, divulgadas sábado (8/7) pelo jornalista Luis Nassif, mostram o acerto entre uma pessoa de nome "Paulo" e o ex-chefe da força-tarefa da Lava-Jato, o ex-deputado Deltan Dallagnol, para fazer declarações criticando Dantas duramente. Uma das mensagens, "Paulo" diz para Dallagnol: "Bata no Bruno Dantas, mas lembre que tem ministros que concordam conosco". O ex-procurador responde: "Essa é a ideia". O presidente do TCU decidiu pedir o acesso a mensagens da Vaza-Jato em poder do STF para analisar medidas legais contra Dallagnol, Moro e procuradores do Ministério Público Federal (MPF).
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A Spoofing investiga o vazamento de mensagens depois que hackers tiveram acesso a um aplicativo de mensagens nos celulares dos integrantes da Lava-Jato. Ao serem divulgadas, demonstraram uma proximidade irregular entre os procuradores da força-tarefa e Moro, que, inclusive, combinaram vários pontos da operação.
Na berlinda
O ex-juiz, por sinal, enfrenta uma incômoda situação. Depois de ser julgado parcial e incompetente, pelo STF, nos julgamentos que tinham o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu, ele agora enfrenta denúncias de ter infiltrado um colaborador na Lava-Jato — o empresário e ex-deputado estadual no Paraná Tony Garcia. Ele, aliás, divulgou ontem conversas entre ele e Moro quando ainda estava à frente da Lava-Jato.
Nos diálogos, fica claro que Tony combina com Moro a forma como as informações sobre um caso de fraude em consórcio na qual o empresário era réu serão divulgadas para a imprensa. As conversas foram divulgadas na conta que o empresário mantém no Twitter. Ele reafirma que atuava como agente infiltrado de Moro, buscando informações entre os acusados do Caso Banestado — sobre remessas ilegais de divisas, pelo então banco estatal do Paraná, para o exterior — e nos processos da Lava-Jato.
Tony vem fazendo uma cruzada contra Moro, após ser questionado pelo senador sobre a veracidade das acusações. O ministro Dias Toffoli, do STF, autorizou, na última quarta-feira, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue as acusações do empresário contra o ex-juiz.
A assessoria de Moro disse que o senador não iria se manifestar sobre o assunto.
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