Flávio Dino afirmou que a maioria do Alto Comando do Exército "torcia" para que a tentativa de golpe em 8 de janeiro tivesse dado certo. Em uma entrevista concedida à revista Veja, o ministro da Justiça deu detalhes do embate entre ele e militares após as cenas de destruição em Brasília.
Da janela do gabinete, Dino viu o caos instaurado e a necessidade de agir rápido. “Da minha janela vi uma fumacinha preta subindo do prédio do Supremo. Estavam tocando fogo no STF. O caos havia se espalhado. Era preciso agir rápido. Minha ordem era prender todo mundo. Mas nem isso foi possível de imediato”, relata Flávio Dino na entrevista.
De acordo com relato, após o corrido, Dino teria ido ao quartel do Exército para solicitar a prisão de todos que estavam no acampamento, foi nesse momento que viu tanques saindo de uma rua. “Se alguém ainda tinha alguma dúvida de que um golpe estava em andamento, ela se dissipou naquele momento”, disse o ministro.
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“A maioria do Alto Comando torcia — e friso este verbo, torcia — para que o levante tivesse dado certo. Repeti sem parar para o comandante do Exército: ‘General, nós vamos pegar todos, sem exceção. É a minha ordem’. Ele tentou crescer para cima de mim. Teve dedos em riste de lado a lado”, continuou.
Na ocasião, diante de um confronto iminente, as autoridades concordaram em efetuar as prisões dos golpistas apenas no dia seguinte. “Vendo hoje, seis meses depois, acho que foi o certo a se fazer”, observou Dino.
Atualmente, mais de 1,2 mil pessoas respondem a processos por participação no 8 de janeiro e cerca de 250 estão presas. Os prejuízos causados aos cofres públicos com as destruições das sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto são de pelo menos R$ 20 milhões.
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