O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, ontem, na 62ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que é necessária a manutenção das conversas com o líder venezuelano, Nicolás Maduro. Falando sobre a Venezuela, repetiu um slogan de campanha do PT — "ninguém solta a mão de ninguém" — para defender que os países sul-americanos se unam frente a outros blocos econômicos.
"Desde janeiro, estive com vários líderes mundiais, em diferentes foros, neste e em outros continentes. O mundo está cada vez mais complexo e desafiador. Nenhum país resolverá seus problemas sozinho nem poderá permanecer alheio aos grandes dilemas da humanidade. Não temos alternativa que não seja a união", preconizou Lula.
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Lula defendeu que os vizinhos dialoguem com os venezuelanos e evitem isolar o país. Em um ambiente pouco receptivo para a defesa de Maduro, depois dos presidentes do Paraguai e do Uruguai, Mario Abdo Benítez e Lacalle Pou, cobrarem um posicionamento do Mercosul sobre a Venezuela, Lula foi cauteloso e reforçou o compromisso democrático do bloco.
Sem mencionar violações de direitos humanos na Venezuela, o presidente brasileiro disse desconhecer a situação da candidata de oposição à Presidência daquele país, María Corina Machado, considerada pela Justiça local inabilitada ao pleito. "O que não pode é a gente isolar e levar em conta que apenas os defeitos estão de um lado, os defeitos são múltiplos. Então, precisamos conversar com todo mundo", disse.
O brasileiro prometeu um Mercosul "mais democrático e participativo" e apontou que os problemas políticos não devem ser escondidos, mas enfrentados através do diálogo. Já o presidente argentino, Alberto Fernández, o mais alinhado ao brasileiro, disse que os problemas da Venezuela não devem ter a intromissão de outras nações.
"Os problemas da Venezuela pertencem à Venezuela, e não cabe aos países ficarem se intrometendo. A melhor forma de se fazer isso é recuperando o diálogo com os venezuelanos, que sofrem com as sanções recebidas", disse Fernández.
Bolívia
Lula disse que se empenhará pessoalmente pela entrada da Bolívia no bloco o mais breve possível. "Fortalecer o Mercosul significa contar com a participação de todos os nossos membros. Temos urgência para o acesso da Bolívia como membro pleno e trabalharei pessoalmente por sua aprovação no Congresso brasileiro", disse o presidente.
No discurso, voltou a falar na criação de uma moeda comum, que seria um mecanismo para possibilitar a criação de uma unidade referência comum apenas no comércio entre os países e assim reduzir a dependência de moedas como o dólar.
"A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda mais a convergência. Falo de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais", disse Lula.
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