Justiça

Decisão do TSE foi "pedagógica" para os extremistas, diz Gleisi

A Corte eleitoral entendeu, no julgamento finalizado nesta sexta-feira, que o ex-chefe do Executivo usou do cargo para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação

Vinicius Doria
postado em 02/07/2023 06:00
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível até 2030 foi "pedagógica" para a extrema-direita saber participar do jogo democrático. A Corte eleitoral entendeu, no julgamento finalizado nesta sexta-feira, que o ex-chefe do Executivo usou do cargo para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação, na tentativa de ter ganhos eleitorais, atacar o Tribunal e fazer "ameaças veladas".

"No meu entender, a decisão do TSE foi pedagógica", disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), que participou, ontem, de um painel do 26º Foro de São Paulo, que reúne partidos e organizações políticas de esquerda da América Latina. "Não tem como você participar de um jogo se você atenta contra as regras do jogo. Foi exatamente o que Bolsonaro fez. Desde que assumiu o mandato, ele vem atentando contra a democracia", declarou Hoffmann.

Para ela, o resultado do julgamento da Corte eleitoral não acaba com o bolsonarismo, mas estabelece limites para a atuação política. "É óbvio que essa decisão não tira a extrema-direita do jogo político. O bolsonarismo continua aí. Isso vai dar dimensão a eles até onde podem ir. Se eles não tiverem limites, também não vão poder continuar", avaliou.

O TSE entendeu, no julgamento finalizado na sexta-feira, que Bolsonaro se aproveitou do cargo de presidente para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação, atacar a Justiça Eleitoral e ameaçar juízes e o próprio Estado Democrático de Direito.

No penúltimo dia de reuniões do Foro de São Paulo, a presidente do PT participou de um debate sobre redes sociais e sua utilização pelas forças de esquerda. Para Hoffmann, há uma grande diferença entre os dois campos políticos, citando a extrema-direita como polo oposto. "Temos um diferencial de estrutura monstruoso. Os financiadores (da extrema-direita) são grandes, não temos a mesma estrutura. A gente conta com a militância, com a luta. O que não podemos é deixar de nos articular, estarmos organizados", disse ela.

No primeiro dia do evento, na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou os líderes de esquerda Fidel Castro (de Cuba) e (da Veneziuela) Hugo Chávez, disse que tem orgulho do rótulo de comunista, mas fez uma ressalva. Para ele, é preciso manter as críticas aos partidos de esquerda "entre amigos".

"Precisamos tentar discutir os nossos erros para que a gente possa corrigi-los. Entre amigos, a gente conversa pessoalmente. A gente não faz críticas públicas porque as críticas interessam à extrema-direita", disse Lula. (VD com agências)


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