JULGAMENTO TSE

Bolsonaro é o 3° ex-presidente do Brasil a ficar inelegível; veja os outros

O TSE formou maioria e tornou Bolsonaro inelegível por oito anos nesta sexta-feira (30/6)

Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (30/6), o ex-chefe do Executivo se tornou o terceiro ex-presidente na história do país a ficar inelegível por um período determinado. Por 5 a 2, a maior instância da Justiça Eleitoral no país decidiu que Bolsonaro não poderá nenhuma eleição até 2030. 

A ação que levou Bolsonaro à inelegibilidade analisou a acusação de abuso de poder político e de meios de comunicação feita em uma ação do PDT. A sigla afirma que o ex-presidente promoveu os crimes eleitorais em uma reunião organizada por ele com os embaixadores, em 18 de julho de 2022, no Palácio da Alvorada, na qual ele lançou dúvidas sobre a urna eletrônica sem apresentar provas e criticou o TSE.

O encontro em questão foi transmitido pela TV Brasil, uma emissora pública, e pelas redes sociais da emissora, o que é apontado pela acusação como os possíveis crimes de abuso de poder político e econômico. Até a última atualização dessa matéria, votaram a favor da inelegibilidade: o relator do processo no TSE, Benedito Gonçalves;  Floriano de Azevedo Marques; André Ramos Tavares e Cármén Lúcia. O ministro Raul Araújo votou contra tornar Bolsonaro inelegível. 

Relembre os outros presidentes que ficaram inelegíveis

Fernando Collor

Marcelo Camargo/Agência Brasil - Brasília - O senador Fernando Collor, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, do Senado, para debater questões ligadas à soberania nacional e aos projetos estratégicos do Exército do Brasil

Em julgamento de impeachment no dia 29 de dezembro de 1992, o ex-presidente Collor se tornou o primeiro presidente da América Latina a ser impeachimado e o primeiro a ser desempossado após a redemocratização.

O processo deixou color inelegível durou por sete meses, sendo interrompido pela instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar os fatos.

As acusações contra o ex-presidente partiram de uma denúncia do irmão dele, Pedro Collor, de corrupção de Paulo César Farias (PC Farias), ex-tesoureiro de Collor.

Collor chegou a renunciar o cargo de presidente no dia do julgamento do processo, como estratégia para tentar impedir a inelegibilidade, mas sem sucesso: por 76 votos a favor e 2 contra, o Senado votou a favor do impeachment tornando o ex-presidente inelegível por oito anos.

O ex-presidente ainda passou por uma análise de um processo de corrupção contra ele e PC Farias no Supremo Tribunal Federal (STF), que foi arquivado. Após os anos inelegíveis, Collor foi eleito senador em 2006, pro Alagoas. 

Ele concorreu nas eleições em 2020 para a Prefeitura de São Paulo, mas não foi eleito, contudo, foi eleito senador em 2006, por Alagoas, cargo que ocupou novamente até 1º de janeiro de 2023.

Em maio de 2023, o STF condenou Collor a 8 anos e 10 meses de prisão em novo processo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tornando-o, novamente, inelegível.

Luiz Inácio Lula da Silva

Ricardo Stuckert/PR - Lula: "A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim"

O atual presidente também ficou um período inelegível após ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava-Jato. Pelas condenações, Lula foi preso e não podia se eleger novamente mediante as regras estabelecidas na Lei da Ficha Limpa, que impede candidaturas de pessoas que foram condenadas em duas instâncias.

Entretanto, em 2019, o STF anulou as condenações pela Justiça de Curitiba e transferiu o caso para a Justiça Federal e por isso, o presidente ainda pode responder às acusações em novos processos.

Como o julgamento foi anulado, os direitos políticos de Lula foram restabelecidos e ele concorreu ao Planalto em outubro de 2022, disputa na qual saiu vitorioso contra Jair Bolsonaro.

Dilma sofreu impeachment, mas não ficou inelegível

Mauro Pimentel/AFP - É a primeira vez que a ex-presidente Dilma Rousseff volta a ocupar um cargo desde o seu impeachment

Apesar de ter sofrido um processo de impeachment em 2016, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) não perdeu o direito de participar de eleições.

Ela foi deposta do cargo de chefe do Executivo, por 61 votos a 20, pelo crime de responsabilidade pela prática das chamadas "pedaladas fiscais" e pela edição de decretos de abertura de crédito sem a autorização do Congresso. Em uma segunda votação, os direitos políticos da ex-presidente foram mantidos pelo Senado Federal.

Saiba Mais

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