Ao tecer questionamentos ao coronel do Exército Jean Lawand Júnior, o deputado Rogério Correia (PT-MG) insinuou que o depoente estaria denunciando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) por omissão. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8 de janeiro ouve nesta nesta terça-feira (27/6) Lawand, que é o segundo depoente da semana. O coronel apareceu em troca de mensagens com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid.
Correia citou o trecho das mensagens trocadas por Lawand com Cid, especialmente quando o coronel pede ao ex-ajudante de ordens para "convencer o Presidente a salvar o país". “E o Presidente não foi convencido a salvar o país? É isso?”, questionou o parlamentar. "O senhor disse agora mesmo: 'O Presidente não deu ordem para apaziguar o país'. O senhor está denunciando o Presidente Bolsonaro na sua mentira”, completou. "Ou o senhor está mentindo e precisa de óleo de peroba ou não sei o que o senhor está fazendo aqui", apontou Correia.
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Lawand afirmou que tal ponto se tratava apenas de sua "opinião". “Eu acreditava que, se viesse uma ordem do Presidente, como aconteceu com os caminhoneiros, o país seria apaziguado”, respondeu. O deputado rebateu: “O senhor está aqui, afirmando que o Presidente não deu ordem para apaziguar o país. Fica registrado que isso é o que disse aqui o Sr. Coronel Jean Lawand Junior”, disse Correia.
O parlamentar do PT citou então dois pontos em que o depoimento de Lawand assinala que Bolsonaro se omitiu. “Ou o senhor realmente está querendo culpar o Presidente pelo que aconteceu depois... E aí veio o dia 12, veio o dia 8, veio o atentado no dia 24. (...) O senhor ainda disse que eles continuaram na frente do Exército, porque o Presidente não deu ordem para eles saírem do Exército e apaziguar o país. Isso é a denúncia que o senhor está fazendo do Presidente Jair Bolsonaro”, frisou Correia, que na sequência chamou o depoente de “mentiroso”.
A defesa do coronel pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última sexta-feira para que ele tivesse o direito de ser ouvido como investigado na CPMI, pois assim ele poderia permanecer em silêncio. A ministra Cármen Lúcia concedeu a autorização. No entanto, ele não poderá ficar calado em todas as questões. Lawand pode manter o silêncio em questões em que a resposta possa incriminá-lo. Nos demais questionamentos, que se refiram a participação de terceiros, por exemplo, ele deve responder.