A segunda semana de oitivas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8/1 começou com o depoimento do ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime. Após duas tentativas de não comparecer ao depoimento — um habeas corpus, negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e um atestado médico —, o PM decidiu depor. Durante a fala, Naime afirmou que a desmobilização dos acampamentos bolsonaristas em frente ao Quartel-General do Exército (QG) foi limitada pelo general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto.
Ao ser questionado quem efetivamente impediu a ação da Polícia Militar em relação a desmobilização, Naime afirmou que a informação foi recebida do general Dutra. “Foi do próprio general Dutra desmobilizando as tropas e dizendo que não seria necessário. Inclusive ele fez até algumas alegações, dizendo: 'Não, vocês trouxeram efetivo demais'. Como assim 'trouxeram efetivo demais'?”, relatou.
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Segundo Naime, foi preciso respeitar as expertises do órgão, uma vez que a Polícia Militar se trata de uma força de segurança pública. “Eu não podia, a todo momento, estar prejudicando a segurança pública das regiões do Distrito Federal para estar atendendo ações junto ao Exército Brasileiro que toda hora eram frustradas, não é?”, disse, em resposta à relatora.
O ex-comandante ainda disse que emitiu um documento, em 29 de dezembro de 2022, orientando a desmobilização dos acampamentos. Atualmente, Naime está preso na Academia Militar por conta de condenação da Operação Lesa Pátria da Polícia Federal (PF), que investiga os eventos de 8 de janeiro.