Reforma ministerial

Ministra da Saúde diz que passa por 'fritura' em 'disputa política'

Nísia Trindade afirma estar no meio de uma campanha para forçar sua saída da pasta; Centrão pressiona o governo pelo Ministério e reclama de demora em liberação de emendas

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, se defendeu e afirmou estar em meio a uma campanha para forçar a sua saída da pasta. Em entrevista ao colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo, nesta segunda-feira (26/6), Nísia enumerou diversas ações da pasta nesses primeiros meses de gestão. O Centrão vem pressionando pela pasta, que é um dos maiores recursos da Esplanada, com R$ 200 bilhões de orçamento previsto para este ano.

“Tenho feito muitas entregas, ao contrário do que andam dizendo neste processo de fritura”, argumentou ela. “Estamos num contexto de disputa política. Tenho um perfil discreto e às vezes discrição demais atrapalha”.

A ministra comentou as críticas sobre a demora na liberação de emendas da pasta aos estados e municípios. “Havia pedidos parados há quatro anos que conseguimos resolver nestes seis meses. Além do negacionismo, o governo anterior era marcado por pouco trabalho”.

Ela destacou que há uma “confusão” nas reclamações sobre as liberações de recursos, pois a verba estaria sendo usada de forma errada pelas secretarias de Saúde. “As emendas deveriam servir para fazer investimentos, não para gastos de custeio. Hoje, muitos municípios dependem das emendas para cobrir a folha de pagamentos. Estamos buscando corrigir essas distorções e recompor o orçamento do SUS (Sistema Único de Saúde)”.

Nísia também comentou sobre os esforços que vem fazendo para se aproximar dos parlamentares do Congresso Nacional. Na última quarta (22/6), ela se reuniu com a bancada de deputados do Rio de Janeiro e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já teria sinalizado, inclusive, seu apoio ao secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Dr. Luizinho, para a substituição.

Segundo a ministra, o encontro tratou de assuntos técnicos. “Temos uma relação boa e muito formal, sem nenhum problema”, esquivou-se. “Estou muito tranquila, mas tenho uma biografia”.

Nísia Trindade deve ser mantida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente do Ministério e foi escolhida por ser um "nome técnico". Sem filiação partidária, a ministra foi diretora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e foi uma das responsáveis pela parceria da instituição com o Reino Unido para a produção da vacina contra a covid-19 da AstraZeneca no país.

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