Lisboa — O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que todos os militares envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro serão punidos rigorosamente, dentro dos limites da lei. Ele ressaltou que os processos, conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), estão andando e, assim que concluídos, todas as providências serão tomadas. “As Forças Armadas apoiam as investigações e a punição dos envolvidos (na tentativa de golpe)”, assinalou, após participação no painel “O papel das Forças Armadas no Estado Democrático de Direito”, no XI Fórum Jurídico de Lisboa.
Para o ministro, as Forças Armadas não podem ser julgadas pela indisciplina de alguns de seus integrantes. “Num jogo de futebol, se um jogador é indisciplinado, ele é retirado do jogo e o time continua jogando”, disse. “Tudo será averiguado, pois não podemos conviver sem que isso seja absolutamente esclarecido”, destacou.
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A punição deverá valer, inclusive, para os militares que tramavam um golpe, com intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), anulação da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e manutenção de Jair Bolsonaro no poder. Esse roteiro golpista foi encontrado no celular do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de Ordens do ex-presidente, em troca de mensagens com o coronel Lawand Júnior.
Na avaliação de Monteiro, a crise envolvendo as Forças Armadas e o presidente Lula está superada. “O presidente Lula é o comandante supremo das Forças Armadas. Ele tem visitado os comandantes e os comandantes também o visitam”, frisou. Portanto, acredita o ministro, o momento é de pensar no país, de olhar para frente. “O Exército tem responsabilidades com o governo e, principalmente, com o país. De maneira que todos os episódios serão esclarecidos. O Exército apoia as investigações, tem interesse nisso”, completou.
O ministro afirmou ainda ter certeza de que a imagem das Forças Armadas continua positiva junto à população, apesar do envolvimento de militares com o governo passado. “A população nunca deixou de confiar nas Forças Armadas. Houve episódios isolados, não se pode julgar as Forças com base em alguns indisciplinados, que participaram em atos de vandalismo (destruindo as sedes dos Três Poderes)”, destacou.