Encontro com Lula

Fernández chega ao Brasil sem principal articulador de pedido de ajuda financeira

Presidente argentino desembarca em Brasília desfalcado do ministro da Economia argentino, Sergio Massa, escolhido na última sexta-feira como candidato peronista à presidência

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, na manhã desta segunda-feira (26/6), pela quarta vez neste ano, o argentino Alberto Fernández no quinto encontro entre os dois chefes de Estado desde a posse do petista, sendo a primeira visita de Estado do argentino ao Brasil. Além de subir a rampa do Palácio do Planalto, será oferecido a Fernández um almoço no Itamaraty, e depois ele deve ser recebido no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, protocolo usual para esse tipo de visita.

Apesar de a agenda oficial atribuir ao encontro à celebração dos 200 anos de relações bilaterais entre Argentina e Brasil, o que deve monopolizar a conversa entre os dois líderes é a ajuda prometida por Lula ao país vizinho. Mesmo assim, Fernandez chega sem o seu principal articulador do acordo, o ministro da Economia argentino, Sergio Massa, que vinha discutindo com o homólogo brasileiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a formatação do acordo. Massa foi escolhido na última sexta-feira (23) como o candidato à presidência que representará o peronismo.

Prévias

Com Fernández fora da disputa pela reeleição, assim como os ex-presidentes Cristina Kirchner e Mauricio Macri, as disputas internas no peronismo para a vaga nas presidenciais de outubro vinham elevando o tom das alfinetadas no já dividido governo argentino.

Fernández não chega ao Brasil com candidato vitorioso, o embaixador no Brasil, Daniel Scioli, mas desembarca em Brasília aliviado com a definição da última sexta-feira, que unificou o peronismo em torno do candidato de centro-direita, Sergio Massa, faltando apenas um dia do prazo final para as inscrições nas prévias.

A unidade aconteceu depois da pressão de governadores de províncias peronistas, que pediam a unificação da candidatura à presidência no nome de Massa, que agora terá a tarefa de representar a Frente Todos, uma coligação de 15 partidos do campo peronista com forças políticas desde a esquerda até mesmo a centro-direita da política argentina.

Para o presidente argentino é um respiro depois de semanas tensas no governo, que aumentavam o temor dessa coalizão ampla rachar depois das prévias de 13 de agosto. A unidade criou até mesmo a possibilidade do presidente e a vice-presidente, Cristina Kirchner, voltarem a se falar na articulação dessa composição. Rompidos desde 2021, Fernández pediu para Scioli desistir do pleito, enquanto Cristina negociou com o ministro do Interior, Eduardo de Pedro.

Em agosto, pela lei argentina, todas as frentes políticas precisarão fazer prévias. Os peronistas chegam unidos em Massa, enquanto a direita macrista, vinculada ao ex-presidente Mauricio Macri, de orientação neoliberal, deve apresentar dois candidatos, o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Horácio Larreta, e a ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich.

Correndo sozinha, a extrema-direita deve disputar com Javier Milei, que vem crescendo na intenção de voto segundo as pesquisas e é descrito pela imprensa argentina como um admirador do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente americano Donald Trump.

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