As festas de São João são oportunidades de convivência e socialização, inclusive para os parlamentares. Centenas de deputados e senadores já estão em suas bases marcando presença nos arraiais. Em meio a bandeirinhas, quitutes e quadrilhas, as comemorações, tradicionais especialmente no Norte e no Nordeste, são uma chance de diálogo com eleitores.
Alguns parlamentares, inclusive, já divulgam em suas redes sociais imagens curtindo a data. O deputado federal Cláudio Cajado (PP-BA) — relator do arcabouço fiscal na Câmara — foi um deles. Nesta sexta-feira, foi a uma festa junina no interior da Bahia e apareceu no meio da multidão aproveitando um forró.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) aproveitou o dia em um São João de Salvador. Já o senador Efraim Filho (União-PB) participou, nesta sexta-feira, de festa junina em Santa Luzia, na Paraíba. Conterrâneo, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi ao São João de Patos nesta sexta-feira. A deputada Detinha (PL-MA) esteve na abertura do Arraial do Zé Doca, cidade do Maranhão.
A data mexe tanto com o Congresso Nacional que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), liberou os deputados de estarem em Brasília, uma vez que as sessões presenciais serão retomadas apenas em 4 de julho. Isso viabiliza que a bancada do Nordeste esteja presente nas festividades. O mesmo movimento ocorre no Senado.
No último dia 21, foi adiada a apreciação dos nomes de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a diretoria do Banco Central. Marcada para a próxima quinta-feira, a sabatina só ocorrerá em 4 de julho, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O presidente do colegiado, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), justificou o adiamento alegando "compromissos dos senadores em seus estados na próxima semana". Além disso, as sessões previstas para 26 a 30 de junho serão semipresenciais, por decisão da Presidência da Casa.
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Mas nem todos concordam com a priorização dos festejos. O tema foi motivo de debate, nesta semana, na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.
O presidente da comissão, Arthur Maia (União-BA), sugeriu, na última terça-feira, uma conciliação dos interesses parlamentares para que pudessem comparecer às festas juninas. A sugestão — acatada pelos membros — foi de que as oitivas ocorressem na segunda e na terça-feira de forma não deliberativa, ou seja, sem votações.
Houve, porém, reações. O senador Magno Malta (PL-ES) discordou. "A sociedade não entenderá essa especificidade por conta dos festejos de São João. Eu acho que urge o tempo. Não concordo com sessão virtual nem quando se tem um debate, até porque não acontece", frisou. "Com todo respeito a todos, o São João realmente é uma festa do Brasil, não só do Nordeste, mas no Nordeste é muito mais forte. Pode vir aqui e voltar, ou, se não quiser, não venha, porque não tem votação, não há necessidade de quórum qualificado", acrescentou.
Quem fez coro à reclamação de Malta foi o deputado André Fernandes (PL-CE): "É muito doloroso — eu fico imaginando — para os familiares daquelas pessoas que estão presas e para os presos, seja na Papuda ou na Colmeia, ficarem cientes, através dos seus advogados, de que esta CPMI não vai acontecer na próxima semana por causa de São João".
Parintins
O festival de Parintins também tem apelo entre os parlamentares do Amazonas. O tradicional evento, que ocorre todos os anos no município de Parintins, no interior do estado, deve movimentar, em 2023, cerca de R$ 120 milhões na economia local e nas cidades do entorno, segundo estimativa da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur).
Outros festejos que mobilizam parlamentares em suas bases são os do bicentenário do 2 de julho, na Bahia, abarcado também nas datas definidas por Lira para manter as sessões remotas.