A última pesquisa da Genial/Quaest, divulgada na quinta-feira (22/6), mostra que Jair Bolsonaro (PL) pode não ser um bom cabo eleitoral nas eleições de 2026. O levantamento apontou que41% do eleitorado se afastaria de um candidato apoiado pelo ex-presidente. enquanto 33% dos entrevistados responderam que o aval de Bolsonaro aumentaria a chance de votação no postulante apoiado.
Esse quadro, na avaliação do cientista político e professor da PUC Rio Ricardo Ismael, pode gerar espaço para o surgimento de uma terceira via como uma opção entre candidatos de esquerda e direita. Isso porque, contou Ricardo, o fato de Bolsonaro ter acumulado uma grande rejeição fez com que, em 2022, muitos eleitores votassem em Lula.
"Nesse sentido, para Lula, era vantagem enfrentar Bolsonaro, afinal muita gente apoiou o petista para evitar a reeleição do então presidente", reforçou. Sem Bolsonaro no pleito, como pode acontecer em 2026, novos personagens devem surgir no debate eleitoral.
O levantamento Genial/Quaest também perguntou aos entrevistados quais políticos devem representar o bolsonarismo na corrida presidencial de 2026, caso Bolsonaro esteja inelegível. Três nomes foramc otados para representar o ex-presidente nas urnas: Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais; Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e a esposa de Bolsonaro, Michelle, presidente do PL Mulher.
Diante dessas opções, a maioria (27%) dos eleitores disse que Bolsonaro não deve apoiar nenhum deles. Entretanto, 21% endossou que o ex-presidente apoie Tarcísio, 15%, Michelle, e 11%, Romeu Zema.
Sobreo possível apoio a um desses políticos, Ricardo Ismael considerou improvável que a esposa de Bolsonaro se candidate à presidência e apostou que os governadores de São Paulo e Minas devem se afastar da imagem bolsonarista, caso sigam a corrida eleitoral à presidência.
"Sobre Michelle, acredito que não embarcaria na eleição a presidente porque não tem experiência e nunca ocupou um cargo público. Agora, ela facilmente se elegeria ao Senado ou à Câmara", opinou.
"Já sobre Zema e Tarcísio, me parece que, caso eles tentem o pleito à presidência, haveria um afastamento da figura de Bolsonaro uma vez que a associação ao ex-presidente geraria desgaste e uma eventual campanha", pontuou o cientista político.
Esse afastamento, segundo Ricardo Ismael, ocorreria em um período mais próximo à eleição presidencial. "Zema e principalmente Tarcísio não se afastariam de Bolsonaro agora porque poderia ser interpretada como uma ingratidão", ponderou o especialista.
O levantamento da Genial/Quaest ouviu 2.029 pessoas a partir de 16 anos.
- Genial/Quaest: apoio de Bolsonaro a candidato afastaria 41% dos eleitores
- Julgamento de Bolsonaro: 47% dos eleitores defendem inelegibilidade e 43%, não
Inelegibilidade pode reduzir influência
A pesquisa Genial/Quaest também apontou 47% do eleitorado defende que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) torne Jair Bolsonaro inelegível, enquanto 43% endossam a manutenção dos direitos políticos do ex-presidente. O resultado reproduz o cenário de polarização da eleição presidencial de 2022, vencida no 2º turno pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Diante dos resultados, o cientista político Ricardo Ismael explica que a proximidade temporal entre a pesquisada Quaest e o pleito do ano passado faz com que haja semelhanças na preferência do eleitorado.
"Bolsonaro tem apoio expressivo no país e, independente da posição do TSE [de declará-lo inelegível ou não], essa popularidade deve continuar pelo menos até 2024 e deverá ter efeitos nas eleições municipais", comentou o especialista.
A influência de Bolsonaro, caso ele seja declarado inelegível pela corte eleitoral, pode se enfraquecer para o pleito de 2026. "Ainda falta muito para 2026, mas será difícil ele [Bolsonaro] fazer política sem um mandato e construir uma agenda que influencie as eleições presidenciais", disse.
O julgamento de Bolsonaro começou na quinta-feira (22) e foi suspenso pelos ministros da corte no mesmo. Os magistrados voltarão a julgar o processo na terça-feira (27/6).