O deputado cassado Deltan Dallagnol negou que tenha fugido do Brasil, com destino aos Estados Unidos, após perder o mandato, como insinuaram opositores. "Eu não devo nada a ninguém", disse ele em vídeo divulgado nas redes sociais. Segundo o ex-procurador da Operação Lava Jato, sua viagem é "acadêmica e profissional" para participar de uma conferência, definida pelo mesmo como "o maior think tank cristão do mundo".
"Eu estou fazendo uma viagem acadêmica e profissional. Eu não tenho nada a temer. Eu não devo nada a ninguém. Eu seguirei no Brasil", disse o ex-procurador. "Eu viajei para os Estados Unidos porque eu fui convidado para participar de conferência Acton University, que é o maior think tank cristão do mundo."
Dallagnol afirmou que, para fugir, teria que estar sendo procurado pela Justiça, o que não é o caso. "Eu não vim para este país que de fato protege as liberdades. Eu vou retornar no dia 24 de junho para lutar contra as arbitrariedades dos donos de poder", prometeu.
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No último domingo, dia 18, o deputado cassado compartilhou em sua rede social uma foto sua embarcando com o passaporte em mãos para a cidade Chicago, em Illinois, nos Estados Unidos. Na legenda , ele disse "novas aventuras". Segundo Dallagnol, o seu posicionamento desta segunda-feira ocorreu após influenciadores de esquerda divulgarem informações nas redes sociais de que ele teria fugido.
Perda de mandato
No dia 16 de maio, por 7 votos a 0, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro da candidatura de Dallagnol, impondo a perda de seus direitos políticos por oito anos. Na prática, o mandato foi anulado. Ele foi condenado com base na Lei da Ficha Limpa.
O regulamento proíbe magistrados e membros do Ministério Público de lançarem candidatura se tiverem pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos administrativos disciplinares (PADs) - a restrição vale por oito anos. Na legislação, no entanto, não há referência a outras classes de procedimentos administrativos. O ex-procurador respondia à época a reclamações administrativas e sindicâncias.
Dallagnol foi alvo de dois processos que pediram a cassação do seu mandato. Um deles é de autoria da federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), pela qual se elegeu Luiz Inácio Lula da Silva, e o outro, do PMN. O atual presidente foi condenado e preso após decisão do então juiz Sérgio Moro, hoje senador, em razão de denúncia apresentada pelo ex-procurador. Petistas comemoram a perda de mandato de Dallagnol.
O ex-procurador teve a perda do mandato confirmada no início de junho pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Na mesma semana, o ministro do Supremo Dias Toffoli negou um recuso apresentado pelo ex-procurador da Lava Jato para voltar ao cargo.
Dallagnol ainda tem alguns caminhos jurídicos a trilhar na tentativa de reverter a cassação, mas especialistas ouvidos pelo Estadão alertam que a chance de isso ocorrer é pequena - seja no TSE, seja no Supremo Tribunal Federal.