O ministro Sebastião Reis Júnior, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi o convidado do Podcast do Correio, programa semanal do Correio Braziliense. Na entrevista com Mariana Niederauer e Talita de Souza, Reis falou sobre como chegou até a ideia e a realização de parcerias para o seu novo livro, “Trans Lúcida”, que reúne fotografias, poesias, depoimentos, artigos e contos sobre pessoas transexuais.
Após aceitar um convite do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDD), há cerca de cinco anos, para fazer uma visita a um presídio e conversar com as presas, o ministro passou uma manhã inteira conversando com mulheres transexuais e disse ter sido tocado pelo momento. Depois de ler o livro “Ausência”, de Nana Moraes, a ideia para Translúcida surgiu.
O ministro conta como o projeto se estendeu e foi além de pautar somente a vivência de mulheres trans encarceradas para falar sobre a questão das pessoas trans em si. Com a participação da presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, e do ministro Rogerio Schietti, além do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada federal Erika Hilton (PSOL/SP), médicos, desembargadores, advogados, ativistas e artistas como Laerte, o principal pensamento de Reis era a diversidade de representações dentro da obra e todos ficaram muito felizes em participar.
Reis afirma a importância de chamar a atenção e discutir o assunto. Além disso, revelou que o presídio que foi, o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros (CDP), era um presídio masculino, mas que havia celas específicas para as presas trans e que há uma superlotação, mas que, no geral, há uma alta organização e que se sentem respeitadas lá dentro.
“Uma grande reclamação geral é que a gente maioria delas fazia tratamento hormonal fora e quando foram presas tiveram que suspender isso. Já que no presídio, não há condições de dar o atendimento necessário. E isso afeta a saúde emocional delas”, diz o ministro.
Outro assunto abordado foi como a falta de informações sobre essas populações diminui a possibilidade de políticas públicas efetivas.
Judiciário
Durante a entrevista, o magistrado destacou que o Judiciário reflete a realidade. Assim como há pessoas preconceituosas dentro da sociedade, há aqueles que são assim dentro do judiciário. E que esse livro é uma possibilidade de discussão e um grande passo e que sabe que a repercussão do livro vem do cargo que ocupa. Além disso, fala como é um assunto delicado e que o livro procura deixar claro que se deve ter uma preocupação com quem essas pessoas são de verdade.
“A única verdade absoluta que acho que podemos ter é que a pessoa trans é tratada com um preconceito injustificado”. concluiu Sebastião Reis.
O Podcast do Correio está presente em todas as principais plataformas e também no Youtube. Confira o podcast na íntegra:
*Estagiária sob supervisão de Renato Souza