O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a viagem que faria, nesta sexta-feira, a Rio Verde, no interior de Goiás, para a inauguração de um terminal ferroviário que completa a construção da Ferrovia Norte-Sul. A aeronave presidencial aguardou com o petista por cerca de 1h20 na Base Aérea de Brasília, mas sem a melhora na condição climática na cidade goiana, acabou sendo adiada.
Na delegação estaria o ex-presidente da República José Sarney (1985-1990), que participaria do evento. A obra a ser inaugurada por Lula foi iniciada em 1987, durante o mandato do ex-chefe do Executivo. O petista aproveitou o momento para gravar um vídeo ao lado de Sarney em que agradeceu pela iniciativa do empreendimento.
“Nós íamos para a cidade de Rio Verde em Goiás, para finalmente inaugurar a conclusão de uma ferrovia que tem 2.257 quilômetros, que começou em 1987, quando o presidente Sarney era presidente da República”, diz Lula, no vídeo. “Eu convidei ele para ir comigo, porque, quando ele anunciou a ferrovia, eu era deputado constituinte, muito jovem, muito ousado e fiz críticas, mas o destino quis, por eu ter chegado à Presidência da República, que nos governos do PT fizéssemos mais de 90% da ferrovia”, enfatizou. E completou: “Obrigado (olhando para Sarney) por ter tido a ideia de construir a Ferrovia Norte-Sul”.
Sarney, de 93 anos, agradeceu a Lula pela conclusão do projeto. “Obrigado, presidente, e eu ainda estou vivo assistindo o senhor fazer essa grande obra pelo Brasil”, respondeu.
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Obra polêmica
A ferrovia é considerada uma espinha dorsal do sistema brasileiro de transporte sobre trilhos conectando os portos de Itaqui, no Maranhão, ao de Santos, em São Paulo. A via atravessa quatro regiões do país e liga esses dois importantes portos.
Em nota, o governo federal comemorou a inauguração do terminal. "A conclusão permite que três estados com forte produção de commodities – como soja, milho e algodão – tenham saída para seus produtos pelo mar. Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais ganham competitividade no momento de exportar seus produtos, seja pelo litoral da Região Sudeste ou pelo Norte do país. Como resultado prático, desenvolvimento e geração de emprego para todo o novo corredor logístico", destaca o comunicado.
As obras foram marcadas por diversas polêmicas e denúncias de desvios de recursos públicos, só tomando impulso em 2007, quando integrou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no segundo mandato de Lula. Nessa época, novas denúncias de fraudes em licitações vieram a público.
O trecho da via entre Açailândia, no Maranhão, até Porto Nacional, no Tocantins, foi concedido para operação pela VLI Logística; o trecho entre Porto Nacional e Estrela D'Oeste, em São Paulo, onde o terminal seria inaugurado, foi concedido para a empresa Rumo. Já o trajeto final, até o porto de Santos, se conecta com a malha ferroviária estadual de São Paulo.