O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), exonerou o assessor Luciano Ferreira Cavalcante do gabinete de liderança do PP na Casa. O ex-auxiliar é investigado pela Polícia Federal (PF) pela compra de kits de robótica com recursos do orçamento secreto, e foi alvo de operação na semana passada.
A exoneração foi assinada por Lira na sexta-feira e publicada nesta segunda-feira pela Câmara. Cavalcante trabalhou diretamente com o deputado. A PF aponta suspeita de superfaturamento na compra de equipamentos de robótica com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) bancados pelo orçamento secreto.
Cavalcante tinha salário de R$ 14,7 mil. Ele foi indicado para ser assistente técnico na liderança do PP em 2017, quando Lira era líder do partido na Câmara. O agora ex-assessor também exerce o cargo de presidente do União Brasil em Alagoas. Procurado, o diretório estadual do partido informou que Cavalcante continua na função.
O motorista de Cavalcante, que não teve o nome divulgado, é suspeito de receber dinheiro do esquema, conforme imagens que fazem parte da investigação da PF reveladas pelo programa Fantástico, da TV Globo, no domingo. Nas filmagens, o casal Pedro e Juliana Salomão — apontados como operadores do esquema — aparecem realizando "quase uma centena de saques em dinheiro", em bancos e casas lotéricas de Brasília. As retiradas eram fracionados, e não feitos de uma vez só, para driblar as autoridades, de acordo com a investigação.
Sacola vazia
Em uma das imagens, no dia 17 de maio deste ano, Pedro e o motorista entram em um carro que estava estacionado em um hotel de Brasília. Pedro entra no veículo com uma sacola cheia e sai com ela vazia.
De acordo com a PF, o motorista e o ex-assessor do PP estavam hospedados no hotel naquele dia. A cena se repetiu na Asa Sul da capital federal, também em 17 de maio, quando Pedro entra novamente no carro do motorista de Cavalcante. A PF encontrou R$ 150 mil no veículo e o passaporte do assessor parlamentar em uma mochila dentro do porta-malas.