O presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou, nesta quinta-feira, que fará uma reforma ministerial para atender ao pedido do Centrão por uma nova articulação política. "Não está na minha cabeça fazer reforma ministerial. A menos que aconteça uma catástrofe que eu tenha que mudar. Mas, por enquanto, o time está jogando melhor do que o Corinthians", brincou.
Lula minimizou a dificuldade nas articulações com a Câmara e disse que o processo de negociação é natural. "Aquela Casa é assim. Você vai conversando com os líderes, vai conversando com as pessoas, vai mostrando a importância daquilo, porque o que acontece não é importante para mim, é importante se causar benefício para o povo brasileiro", argumentou.
Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse esperar que Lula lidere pessoalmente a formação da base aliada na Casa, após o risco de derrota na votação da MP dos Ministérios. "Habilidade ele tem", ressaltou o deputado.
"O presidente Lula foi alertado por mim. E ele, hoje, é conhecedor de todas as dificuldades que seu governo tem na parte de articulação. Espero que tenha servido de ensinamento, para que, a partir de hoje, o governo possa encaminhar suas matérias na Casa na construção de uma maioria que ainda não tem", declarou Lira, em entrevista à GloboNews. "O clima ontem (quarta-feira), infelizmente, era um clima voltado para derrotar a MP", emendou, ao ressaltar que o governo Lula "peca na confiança".
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Na avaliação de Lira, "o governo, sem uma maioria no Parlamento, não pode achar que partidos independentes são obrigados a pautar e votar matérias de seu interesse". "Se o governo não fizer maioria, paciência, vai ter que respeitar os resultados", frisou. O deputado, contudo, rechaçou a comparação feita nos bastidores entre a relação dele com o Planalto e a disputa entre a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que culminou com o impeachment da petista, em 2016. "Ninguém pode dizer que atrapalhei o governo."
Lira disse que é natural o governo oferecer ministérios a partidos para atraí-los à base, já que esse foi o modelo de coalizão escolhido por Lula, mas voltou a negar que tenha pedido o comando de pastas na Esplanada ou a demissão de algum ministro, como Renan Filho, dos Transportes, filho de seu maior adversário político em Alagoas, Renan Calheiros. O presidente da Câmara afirmou que apenas pediu ao governo que agisse para "moderar excessos" de Calheiros, que o acusou de desvio de dinheiro e de bater na ex-mulher.