Foro de São Paulo

Após polêmica com Venezuela, Lula faz ressalva: "A gente gosta de democracia"

Mais cedo, Lula afirmou que o conceito de democracia "é relativo". A fala ocorreu ao responder uma pergunta sobre a razão do governo ainda defender o regime de Nicolás Maduro e não caracteriza-lo como antidemocrático

Ingrid Soares
postado em 29/06/2023 22:23
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Após polêmica ao longo do dia ao dizer que o conceito de democracia "é relativo", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na noite desta quinta-feira (29) gostar da democracia. A declaração ocorreu durante a abertura do 26º encontro do Foro de São Paulo, em Brasília.

"A gente gosta de democracia, a gente gosta de ter gente protestando contra a gente, a gente gosta quando tem greve contra a gente, a gente gosta quando negocia. Nada disso é contra a democracia. Tudo isso é da democracia. A democracia não é um pacto de silêncio. A democracia é uma sociedade em desenvolvimento, conquistas e maior qualidade de vida. A democracia não pode incomodar a nenhum dirigente".

Mais cedo, em entrevista para a Rádio Gaúcha, Lula afirmou que o conceito de democracia "é relativo".  A fala ocorreu ao responder uma pergunta sobre a razão do governo ainda defender o regime de Nicolás Maduro e não caracteriza-lo como antidemocrático.

"A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim. Eu gosto de democracia, porque a democracia que me fez chegar à Presidência da República pela terceira vez".

Ainda no Foro, o petista disse que na América Latina a esquerda sofre "ataques pejorativos", mas que não se ofende em ser chamado de comunista e socialista.

"Vocês sabem quantas vezes fomos acusados, quantas difamações, quantos ataques pejorativos se faz contra a esquerda na América do Sul. Nós não somos vistos pela extrema direita fascista nem do Brasil nem do mundo como organizações democráticas. Nos tratam como se fossemos terroristas. Eles nos acusam de comunistas achando que ficamos ofendidos com isso. Não ficamos, ficaríamos ofendidos se nos chamassem de nazista, neofascista, terroristas. Mas de socialista, comunista, nunca. Isso não nos ofende, nos orgulha muitas vezes".

O presidente fez um apelo aos presentes e disse que "não há tempo para ficar brigando por coisas menores", emendando que é "muito melhor" um aliado político "cometendo alguns equívocos" do que alguém de direita no poder.

"É muito melhor ter um companheiro da gente cometendo alguns equívocos para a gente criticar, do que ter alguém de direita governando que não permite sequer que a gente tenha espaço para fazer crítica", disse.

"No Brasil, nós aprendemos. Quatro anos da extrema-direita foi uma lição para todos nós. Ou nós criamos juízo, ou nós nos organizamos, ou nós trabalhamos para resolver os problemas da sociedade brasileira, sobretudo com a questão da inclusão social, ou a extrema-direita está aí contando mentiras, utilizando fake news, violentando qualquer parâmetro de dignidade para voltar ao poder", acrescentou.

"O Foro de São Paulo é uma benção que conseguimos criar na América Latina. É preciso que a gente rediscuta o discurso da esquerda, repense o que a gente quer e como vamos fazer para conquistar. Muitas vezes, a direita tem mais facilidade do que nós com o discurso fascista. Aqui no Brasil, nós enfrentamos o discurso do costume, da família, do patriotismo. Na Europa, a esquerda perdeu o discurso para a questão da migração. Não sabe defender a questão dos imigrantes", emendou.

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