O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Benedito Gonçalves, afirmou que as Forças Armadas tiveram "papel central" na estratégia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para "confrontar" a Corte Eleitoral.
Em seu voto no processo que pode tornar Bolsonaro inelegível, o relator do caso destacou trechos da reunião com embaixadores em que o então presidente citou os militares, demonstrando ideias antidemocráticas. "(Em seu discurso, Bolsonaro) Mencionou as Forças Armadas 18 vezes. A palavra democracia apareceu apenas quatro vezes e, em nenhuma delas, foi reconhecida como valor associado ao processo eleitoral", destacou Gonçalves.
"Um significativo componente retórico é o uso da primeira pessoa do plural para se referir às Forças Armadas. O primeiro investigado (Bolsonaro) enxergava-se como um militar em exercício à frente das tropas. Passagens deixavam entrever um preocupante descaso em relação à conquista democrática que é a sujeição do poderio militar brasileiro à autoridade civil democraticamente eleita", disse também o ministro. Para ele, o discurso insinuava uma "perturbadora interpretação das ideias de autoridade".
Ainda segundo o relator, transmissões feitas por Bolsonaro nas redes sociais em 2021 "tiveram êxito em cultivar sentimento de ameaça às eleições de 2022". "Conspiracionismo se conservou latente e foi acionado com facilidade no ano eleitoral", vaticinou Gonçalves.
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