Ao anunciar, nesta terça-feira, o Plano Safra 2023-2024 — para o qual serão disponibilizados R$ 364 bilhões —, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que o relacionamento entre o governo federal e o agronegócio não será pautado por questões ideológicas. Segundo ele, apesar das diferenças no pensamento político em relação aos empresários do setor — em sua maioria apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro —, Lula afirmou que o interesse do país está acima de qualquer divergência.
"Se enganam aqueles que pensam que o governo pensa ideologicamente quando vai tratar de um Plano Safra. Se enganam os que pensam que o governo vai fazer mais ou vai fazer menos porque tem problemas ou não-problemas com o agronegócio brasileiro. A cabeça de um governo responsável não tem a pequenez de ficar insuflando o ódio entre as pessoas", afirmou.
O presidente assegurou que, assim como ocorreu nos governos anteriores do PT, a cada ano será anunciado um plano superior ao ano anterior. Para o do biênio 2023-2024, o montante de R$ 364 bilhões representa um aumento de 27%, em relação ao ano passado, no volume de recursos para custeio, comercialização e investimento para médios e grandes produtores rurais.
Ao elogiar a atuação do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pelo processo de negociação do plano, Lula disse que "o governo não é um clube de amigos". E enfatizou: "Uma única coisa unifica todos nós: provar a nós mesmos e ao povo brasileiro que este país pode ser do tamanho que a gente queira que seja. Pode ser pequeno se a gente pensar pequeno", disse.
Os juros para custeio e comercialização serão de 8% ao ano para produtores inscritos no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e de 12% ao ano para os demais. Em relação aos investimentos, as taxas de juros variam entre 7% e 12,5% ao ano, de acordo com o governo.
Já Fávaro ressaltou que o Plano Safra é um exemplo do que diz o slogan "União e Reconstrução" do atual governo. "Não interessa quem estava de um lado ou quem estava do outro nas eleições. Agora, é hora de governar para todos e de unirmos o Brasil", frisou.
O ministro voltou a condenar, com veemência, a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. E disse que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, precisa explicar, no Senado, a atual política monetária.
"Precisamos conhecer sua responsabilidade com o Brasil. Uma das metas do Banco Central é manter o controle da inflação, o que tem sido alcançado com êxito. A política econômica está progredindo bem, enviando sinais cada vez mais fortes de que o controle da inflação é permanente. Qual é a justificativa para uma taxa de juros básica, a Selic, em 13,75%?", indagou.
A indignação da Fávaro tem como razão a indefinição relacionada ao total a ser destinado, pelo Tesouro Nacional, para a equalização das taxas de juros cobradas no crédito rural. Até terça-feira à noite, os técnicos do Ministério da Fazenda ainda faziam as contas.
"O governo não consegue liberar um volume maior de equalização por causa dos custos, para o Tesouro, de uma Selic de 13,75% ao ano", lamentou Fávaro.
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