Congresso

CPI das ONGs: líder Yanomami critica Instituto Socioambiental

Alberto Brazão Goes criticou, ainda, nesta terça (27/6), ONGs norte-americanas que atuam na Amazônia: "não precisamos que ONGs de lá do estrangeiro digam como é que Yanomami vai cuidar da nossa terra"

Ândrea Malcher
postado em 27/06/2023 19:17
 (crédito:  Geraldo Magela/Agência Senado)
(crédito: Geraldo Magela/Agência Senado)

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as ações de organizações não governamentais (ONGs) na Amazônia ouviu, nesta terça-feira (27/6), o líder Yanomami, Alberto Brazão Goes. Ele criticou as ONGs internacionais que atuam na região amazônica. “Nós, Yanomamis, não somos serviçais de outro ser humano. Não somos meros ajudantes de outro ser humano, porque somos os verdadeiros seres humanos da floresta”.

“Nós sabemos como lidar com nossa floresta. Nós não precisamos que ONGs de lá do estrangeiro digam como é que Yanomami vai cuidar da nossa terra, da nossa floresta”, declarou o indígena. “Porque, nós somos os verdadeiros antropólogos do nosso povo. Nós somos os ambientalistas do nosso povo. Por que ONGs, principalmente americanas, dizem como Yanomamis devem viver na grande floresta?”.

Goes ressaltou que a principal demanda dos povos indígenas atualmente é por terra e autonomia. “Estou aqui para dizer que o povo Yanomami e demais nações indígenas querem autonomia e protagonismo”.

“E digo mais: queremos dignidade humana, dignidade, respeito, queremos paz. Chega de querer colocar parentes uns contra os outros. Apenas façam com que as políticas públicas cheguem até nós, principalmente educação escolar indígena diferenciada para nós. Temos esse direito. Uma saúde de qualidade: temos esse direito”, observou ele.

O indígena de etnia tuxaua yanomami declarou ser “indigno” a ação do Instituto Socioambiental (ISA). “O instituto que eu acabei de mencionar aqui, no passado próximo, ali no Alto Rio Negro, executou um projeto: criação de peixe, piscicultura. O que aconteceu? Apenas acessaram a verba federal, não houve prestação de contas e aquele projeto não avançou, abandonaram. E o que aconteceu? Criadouro de mosquito da malária. Está lá! É isso que a gente deve herdar? Isso para mim é inadmissível, é um crime, é uma ofensa para nós”.

“Hoje a mesma ONG que eu já mencionei tem um projeto gigante, Cogumelo Yanomami. Vendido no exterior, o grama do cogumelo custa 7 euros. Por que a mídia está dizendo que parente yanomami está morrendo por inanição? Por que, se existe um projeto que arrecada milhões?”, perguntou Alberto.

Na loja online do ISA, consta que o produto está indisponível, porém é possível consultar os preços, em reais. Um pacote com 15g sairia a R$ 25, enquanto o pacote unitário de 30g em pó custa R$24, e três do mesmo tipo custa R$ 39.

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