CPMI do 8 de janeiro

PMDF "foi pega de surpresa", diz ex-comandante sobre falta de prisões no 12/12

Ex-comandante da PMDF justifica que, ao contrário do que vinha sendo dito, baderneiros não estavam no acampamento no QG, mas sim em hotéis

Taísa Medeiros
postado em 26/06/2023 18:54
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) trabalha, nesta segunda-feira (26/6), para a elucidação dos fatos ocorridos em Brasília na noite de 12 de dezembro, quando ao menos 10 veículos foram incendiados de forma criminosa, além de haver tentativa de invasão à sede da Polícia Federal (PF) e depredação da 5ª Delegacia de Polícia (Área Central). Segundo Jorge Eduardo Naime, ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, a polícia militar do DF foi “pega de surpresa”.

A relatora dos trabalhos do colegiado, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou os motivos de ninguém ter sido preso naquele dia. Naime justificou que, ao contrário do que foi divulgado na época, os vândalos envolvidos no caso não estavam no acampamento em frente ao Quartel General do Exército (QG), mas sim, em hotéis. “Acabou não prendendo ninguém por quê? Porque o público que estava nisso estava no hotel. Eles simplesmente subiram e foram para os seus quartos”, disse. Eliziane interrompeu: “Coronel, pelo amor de Deus! As imagens estão aí diante de nós, os carros pegando fogo. O Brasil inteiro acompanhou”, disse.

Naime afirmou que as tropas estavam destinadas ao patrulhamento diário, sendo pegas de surpresa. “As tropas que foram acionadas eram tropas que estavam no patrulhamento diário, não foram tropas que foram destacadas para ir para essa manifestação. A polícia foi pega de surpresa. Os policiais que trabalham na rua todo dia não trabalham de capacete, não trabalham com proteção. O policial estava num policiamento rotineiro e foi deslocado para isso daí”, explicou. Portanto, a falta de equipamentos adequados também seria um motivo para não terem havido prisões naquele dia, segundo o ex-comandante.

Apesar dos argumentos, Naime avalia que a não ocorrência das prisões “não foi nada normal”. “O ato em si não foi normal. Não é um ato normal. É uma coisa que a gente nunca viveu em Brasília. Não é um ato normal o que aconteceu na noite daquele dia 12, né? E, assim, dizer que foi normal não prender? Não. Não foi normal nada. Nada do que aconteceu na noite do dia 12 foi normal. A própria prisão não foi normal”, destacou.

8 de janeiro

O ex-comandante afirmou que no sábado (7/1) um grupo de WhatsApp foi criado, no qual havia membros do Centro de Inteligência do Comandante-Geral, da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e também a Inteligência do Comando de Policiamento Regional.

“Nesse grupo, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) começou a passar informes de chegada de ônibus, de começar incitações, dentro do acampamento, de invasão de prédio público. (...) Os senhores precisam ver onde essa informação chegou. Se essa informação chegou a nível de Secretário e Comandante-Geral, eles não tomaram as providências, porque, minimamente, o Gabinete de Gestão de Crise tinha que ter sido acionado nesse momento”, afirmou.

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