O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, amanhã, pela quarta vez neste ano, o argentino Alberto Fernández para o quinto encontro entre os dois chefes de Estado. Além do almoço no Itamaraty com o homólogo brasileiro, Fernández deve ser recebido no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, protocolo usual nesse tipo de visita.
Na agenda oficial do encontro entre Lula e Fernández, o tema é o aprofundamento das relações bilaterais, mas o assunto principal deve ser a ajuda que Lula prometeu aos "hermanos" no financiamento das exportações brasileiras ao vizinho. Os dois líderes vão conversar sobre como viabilizar esse apoio.
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No meio da crise econômica que a Argentina atravessa, o financiamento terá um grande impacto no país vizinho, que, com dificuldade de liquidez de dólares, não vem conseguindo fazer as importações necessárias para sua economia. Para o Brasil, o acordo também interessa, já que o país platino, além de principal parceiro comercial na América Latina, é o destino de boa parte das exportações industriais brasileiras, tendo chegado a representar quase 70% do volume exportado pela indústria automobilística nacional.
O problema está em quem assume os riscos desse financiamento. Com o histórico de turbulências econômicas, essa ajuda às compras argentinas precisa encontrar mecanismos de garantia das operações. A proposta inicial do governo de envolver o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) — o Banco do Brics, comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff — acabou não sendo discutida pelo conselho de governadores da instituição multilateral de fomento na última reunião, em 30 de maio.
Fernández aposta na relação com o Brasil e com o amigo Lula tanto para contornar a dificuldade nas importações, como para ter um aliado que advogue em seu favor junto aos organismos internacionais de financiamento, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O presidente argentino é o chefe de Estado ou de governo que mais vezes se encontrou com Lula no terceiro mandato. Ele veio ao país para a posse de Lula, que escolheu Buenos Aires como destino de sua primeira viagem internacional do novo mandato. Depois, esteve mais duas vezes por aqui, em uma viagem às pressas, em 2 de maio, para discutir a ajuda brasileira para as exportações ao seu país e, depois, em 30 de maio, para a cúpula dos chefes de Estado
sul-americanos, em Brasília.
Toda essa estima é correspondida pelo líder brasileiro que, falando a jornalistas no encerramento da viagem à Itália, na manhã da última quinta-feira, confirmou a visita de Fernández e disse esperar que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tenha uma proposta para discutir a ajuda para a Argentina.
Lula reforçou que tem "muita preocupação com a situação econômica da Argentina" e afirmou que "quanto melhor estiver a Argentina, melhor para o Brasil", disse. "A gente tem muita, mas muita vontade (de ajudar a Argentina), mas tem dificuldade porque é preciso ter uma garantia, mas estamos tentando trabalhar com muito afinco", disse o presidente.
"Eu pretendo recebê-lo e discutir um pouco mais a Argentina. Espero que, até lá, a gente possa ter alguma solução que vislumbre um pouco de tranquilidade para o povo argentino nessa situação difícil que vivem os nossos irmãos", disse Lula.
Eleições
Outro complicador no cenário político do país vizinho são as eleições presidenciais de outubro. As pesquisas de opinião apontam para um crescimento do candidato da extrema-direita, Javier Milei. Com Fernández fora da disputa pela reeleição, assim como a ex-presidente e atual vice de Fernández, Cristina Kirchner, é grande a disputa interna no peronismo por um nome que unifique a corrente política.
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