PROJEÇÕES

Rejeição a candidatos apoiados por Bolsonaro pode dar fôlego à 3ª via em 2026

O cientista político da PUC Rio Ricardo Ismael também comentou que, caso o TSE torne o ex-presidente inelegível, nomes como Zema e Tarcísio devem se afastar do bolsonarismo

Francisco Artur
postado em 23/06/2023 23:11
 (crédito:  Ricardo Stuckert/PR e Jim WATSON/AFP )
(crédito: Ricardo Stuckert/PR e Jim WATSON/AFP )

A última pesquisa da Genial/Quaest, divulgada na quinta-feira (22/6), mostra que Jair Bolsonaro (PL) pode não ser um bom cabo eleitoral nas eleições de 2026. O levantamento apontou que41% do eleitorado se afastaria de um candidato apoiado pelo ex-presidente. enquanto 33% dos entrevistados responderam que o aval de Bolsonaro aumentaria a chance de votação no postulante apoiado.

Esse quadro, na avaliação do cientista político e professor da PUC Rio Ricardo Ismael, pode gerar espaço para o surgimento de uma terceira via como uma opção entre candidatos de esquerda e direita. Isso porque, contou Ricardo, o fato de Bolsonaro ter acumulado uma grande rejeição fez com que, em 2022, muitos eleitores votassem em Lula.

"Nesse sentido, para Lula, era vantagem enfrentar Bolsonaro, afinal muita gente apoiou o petista para evitar a reeleição do então presidente", reforçou. Sem Bolsonaro no pleito, como pode acontecer em 2026, novos personagens devem surgir no debate eleitoral.

O levantamento Genial/Quaest também perguntou aos entrevistados quais políticos devem representar o bolsonarismo na corrida presidencial de 2026, caso Bolsonaro esteja inelegível. Três nomes foramc otados para representar o ex-presidente nas urnas: Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais; Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e a esposa de Bolsonaro, Michelle, presidente do PL Mulher.

Diante dessas opções, a maioria (27%) dos eleitores disse que Bolsonaro não deve apoiar nenhum deles. Entretanto, 21% endossou que o ex-presidente apoie Tarcísio, 15%, Michelle, e 11%, Romeu Zema.

Sobreo possível apoio a um desses políticos, Ricardo Ismael considerou improvável que a esposa de Bolsonaro se candidate à presidência e apostou que os governadores de São Paulo e Minas devem se afastar da imagem bolsonarista, caso sigam a corrida eleitoral à presidência.

"Sobre Michelle, acredito que não embarcaria na eleição a presidente porque não tem experiência e nunca ocupou um cargo público. Agora, ela facilmente se elegeria ao Senado ou à Câmara", opinou.

"Já sobre Zema e Tarcísio, me parece que, caso eles tentem o pleito à presidência, haveria um afastamento da figura de Bolsonaro uma vez que a associação ao ex-presidente geraria desgaste e uma eventual campanha", pontuou o cientista político.

Esse afastamento, segundo Ricardo Ismael, ocorreria em um período mais próximo à eleição presidencial. "Zema e principalmente Tarcísio não se afastariam de Bolsonaro agora porque poderia ser interpretada como uma ingratidão", ponderou o especialista.

O levantamento da Genial/Quaest ouviu 2.029 pessoas a partir de 16 anos. 

Inelegibilidade pode reduzir influência

A pesquisa Genial/Quaest também apontou 47% do eleitorado defende que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) torne Jair Bolsonaro inelegível, enquanto 43% endossam a manutenção dos direitos políticos do ex-presidente. O resultado reproduz o cenário de polarização da eleição presidencial de 2022, vencida no 2º turno pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Diante dos resultados, o cientista político Ricardo Ismael explica que a proximidade temporal entre a pesquisada Quaest e o pleito do ano passado faz com que haja semelhanças na preferência do eleitorado.

"Bolsonaro tem apoio expressivo no país e, independente da posição do TSE [de declará-lo inelegível ou não], essa popularidade deve continuar pelo menos até 2024 e deverá ter efeitos nas eleições municipais", comentou o especialista.

A influência de Bolsonaro, caso ele seja declarado inelegível pela corte eleitoral, pode se enfraquecer para o pleito de 2026. "Ainda falta muito para 2026, mas será difícil ele [Bolsonaro] fazer política sem um mandato e construir uma agenda que influencie as eleições presidenciais", disse.

O julgamento de Bolsonaro começou na quinta-feira (22) e foi suspenso pelos ministros da corte no mesmo. Os magistrados voltarão a julgar o processo na terça-feira (27/6).

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação