Paris

Lula e Macron tratam sobre programa para submarinos durante encontro

Em relação ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o presidente Lula afirmou antes do almoço, durante seu discurso no Novo Pacto de Financiamento Global, que os termos precisam ser revistos

Ingrid Soares
postado em 23/06/2023 15:58
 (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
(crédito: Ricardo Stuckert / PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta sexta-feira (26/6) de um almoço de trabalho com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris. Foi a segunda reunião de Estado entre os dois líderes este ano, depois da bilateral na cúpula estendida do G7, em Hiroshima (Japão), há pouco mais de um mês.

Segundo comunicado do Planalto, Lula e Macron conversaram sobre as negociações pelo acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, a guerra na Ucrânia, o combate às mudanças climáticas, a retomada de um intercâmbio cultural e a parceria estratégica entre os países na área de defesa, especialmente em torno do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que já entregou um submarino em 2022 e prevê a entrega anual de outros três até 2025, com transferência de tecnologia francesa.


Em relação ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o presidente Lula afirmou antes do almoço, durante seu discurso no Novo Pacto de Financiamento Global, que os termos precisam ser revistos, especialmente os termos adicionais propostos recentemente pela UE, que adicionam previsões de punição na área ambiental. A conhecida resistência de setores da economia francesa, em particular do agronegócio, se refletiu, na última semana, na aprovação de uma resolução contrária ao acordo pelo Parlamento do país.

"Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça", afirmou o presidente.

No plano cultural, ambos demonstraram interesse na retomada do intercâmbio cultural entre as nações, inclusive com a possibilidade de reeditar os grandes calendários de eventos desenvolvidos na década passada, como o Ano do Brasil na França e o Ano da França no Brasil, a partir de 2025.

Parceria estratégica

Brasil e França firmaram uma parceria estratégica em 2006, para promover o diálogo político e as relações econômico-comerciais. Os dois países possuem ainda cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear e desenvolvimento sustentável. A parceria Brasil-França contempla também a educação, ciência e tecnologia, temas migratórios e transfronteiriços. Segundo o Itamaraty, cerca de 90.000 brasileiros vivem na França metropolitana e outros 82.500 na Guiana Francesa, somando cerca de 172.500 no total. Com 730 km, a fronteira entre o estado brasileiro do Amapá e a Guiana Francesa constitui a maior fronteira terrestre da França.

Investimentos

Existem cerca de 860 empresas francesas no Brasil. O Brasil é hoje o segundo principal destino dos investimentos franceses entre os chamados países emergentes, tendo sido ultrapassado apenas recentemente pela China. A França é o 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos, e 5º maior pelo critério de investidor imediato, com investimentos de cerca de US$ 32 bilhões, segundo os dados de 2021 do Banco Central.

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