O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, na manhã desta sexta-feira (23/6), da Cúpula do Novo Pacto Financeiro Global, organizada pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O objetivo é debater a reforma do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional) para que os países, especialmente os mais vulneráveis, possam financiar políticas de enfrentamento ao aquecimento global.
Na quinta-feira (22/6), ao desembarcar em Paris, o chefe do Executivo cumpriu uma extensa agenda de encontros. Almoçou com a ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Banco do Brics, e teve uma reunião bilateral com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em Paris. Ambos falaram sobre a cúpula do Brics — acrônimo que representa o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, que ocorrerá entre 22 e 24 de agosto, em Johanesburgo. Lula e Ramaphosa também discutiram opções para trabalhar pela paz no conflito entre Rússia e Ucrânia.
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O petista se encontrou com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, marcando a retomada do diálogo com o país caribenho, interditado nos últimos anos pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Os presidentes conversaram sobre temas ligados à América Latina e aproveitaram o encontro para debater assuntos relativos à conjuntura mundial. Por meio das redes sociais, Lula comentou o encontro e citou "retomada do diálogo com o país e questões bilaterais que foram abandonadas nos últimos anos". A agenda previa ainda reuniões com o primeiro-ministro da República do Haiti, Ariel Henry, e com o presidente da COP 28, Sultan al-Jaber, do governo dos Emirados Árabes Unidos.
À noite, Lula e a primeira-dama, Janja da Silva, foram recebidos no Palácio do Eliseu, residência oficial da presidência francesa, para o jantar oferecido por Macron aos chefes de Estado que participarão, hoje, da cúpula. Na conversa bilateral, os dois chefes de governo trataram de temas relacionados ao meio ambiente e à tentativa de destravar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. O brasileiro tenta quebrar o que chamou de "protecionismo" do lado francês em relação à agricultura, que vê a entrada de produtos do Mercosul como ameaça a seus mercados. Lula também reclamou do "endurecimento" das demandas ambientais para a entrada de produtos na UE.
Ontem, em entrevista na Itália, o presidente declarou que apesar de haver possibilidade de acordo entre a União Europeia e o Mercosul, as propostas ainda não atendem ao que seria melhor para a industrialização da América Latina.
"A carta adicional que a União Europeia mandou para o Mercosul é inaceitável porque eles põem punição para qualquer país que não cumpriu o Acordo de Paris. Nem eles cumpriram o Acordo de Paris. Os países ricos não cumpriram o Acordo de Paris, o Protocolo de Quioto, a decisão de Copenhague (de destinar US$ 100 bilhões anuais ao financiamento climático para os países pobres entre 2020 e 2025). Então, é preciso ter um pouco mais de sensibilidade, de humildade. Estamos preparando a nossa resposta para a União Europeia". Ele defendeu um meio-termo "que favoreça os dois continentes".
Protecionismo
"Eu pretendo conversar com o presidente Emmanuel Macron porque a França é muito dura nos seus interesses agrícolas. É importante a gente convencer a França que é maravilhoso que eles defendam sua agricultura, mas a gente tem que entender que os outros também têm o direito de fazê-lo. É preciso que cada um abra mão de seu protecionismo para que possamos construir a possibilidade de um acordo que melhore a situação da UE e da América do Sul". Ambos devem tratar ainda sobre a guerra na Ucrânia.
Segundo a agenda oficial, após participar da Cúpula, Lula ainda se encontrará com o presidente de honra da France Insoumise na Assembleia Nacional da República Francesa, Jean-Luc Mélenchon e participará do almoço de trabalho oferecido pelo presidente Macron.
Há ainda a previsão de audiência com o presidente do Naval Group, Pierre-Eric Pommellet; um encontro com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo; com o presidente da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso; e, à noite, um jantar oferecido pelo príncipe herdeiro do Reino da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman al Saud.
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