O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou, ontem, no festival de música Power our planet, no Campo de Marte, em Paris. O chefe do Executivo afirmou que países ricos têm uma "dívida histórica" e devem financiar a preservação de florestas como a Amazônia. E apontou que não é o povo africano ou latino-americano que polui o mundo, mas "aqueles que fizeram a Revolução Industrial". Para um público predominantemente jovem, o petista prometeu agir com rigor contra o desmatamento na Amazônia, disse que fará "todo e qualquer esforço para manter a floresta em pé", destacou a soberania brasileira, mas disse que, ao mesmo tempo, "a Amazônia pertence à toda a humanidade".
"Vamos ser muito duros contra toda e qualquer pessoa que queira derrubar uma árvore para plantar soja, milho ou criar gado. A Amazônia é um território soberano do Brasil, mas ao mesmo tempo, é de toda a humanidade. E, por isso, faremos todo e qualquer esforço para manter a floresta em pé", disse em frente à Torre Eiffel, cartão postal do país, onde artistas como Billie Eilish e Lenny Kravitz se apresentaram em shows e abriram espaço para a participação de líderes globais.
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Lula recebeu o convite para participar do evento do líder da banda Coldplay, Chris Martin, que não participou desta edição por estar em turnê na Itália. O presidente também convocou o público presente a viajar ao Brasil em 2025, quando Belém (PA) receberá a conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP 30.
"Queria convidar vocês que ouvem falar da Amazônia todo dia, que acham que a Amazônia é o pulmão do mundo para comparecer ao Brasil. Em 2025, iremos fazer a COP 30 num estado da Amazônia, para que todos vocês tenham a oportunidade de conhecer de perto o ecossistema da Amazônia, a riqueza da biodiversidade, dos nossos rios", disse.
"E que possam compartilhar com o povo brasileiro da preservação das nossas florestas e responsabilizar os países ricos para financiar os países em desenvolvimento que tem reservas florestais, porque não é o povo africano que polui o mundo, não é o povo latino-americano que polui o mundo. Na verdade, quem poluiu o planeta nesses últimos 200 anos foram aqueles que fizeram a revolução industrial e, por isso, tem de pagar a dívida histórica que tem com o planeta terra", disse sendo ovacionado e aplaudido pelo público.
O presidente também citou dados, alegando que 50% da energia consumida no Brasil é renovável, enquanto que no resto do mundo o valor é de apenas 15%. Lula também reforçou o compromisso de campanha de desmatamento zero na Amazônia até 2030.
"Nos últimos dias e anos o que mais se ouve falar é da Amazônia. A Amazônia representa a maior floresta tropical do planeta terra. Na América do Sul, temos oito países amazônicos. Abrigamos 400 povos indígenas que falam 300 idiomas", continuou.
"A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e responde por 40% das florestas tropicais do planeta. A região representa 6% da superfície do total da terra, tem o rio mais caudaloso do planeta. A Amazônia é responsável por 10% das espécies de plantas e animais estimados no mundo. 87% da matriz energética brasileira é limpa e renovável contra uma média mundial de apenas 27%. 50% da energia que consumimos no Brasil já é renovável e, no resto do mundo, esse valor é de apenas 15%. Quando tomei posse, no dia 1º de janeiro, assumi a responsabilidade de que até 2030 teremos desmatamento zero na Amazônia".
Cobrança
Horas antes, em entrevista na Itália, o presidente afirmou que cobrará dos países mais ricos a doação de 100 bilhões de dólares por ano prometida em 2009, na COP-15, em Copenhague, para cuidar das florestas. "Precisamos discutir com o mundo desenvolvido a verdadeira ajuda que se promete desde a COP 15, em Copenhague, quando se decidiu que os países ricos iriam fazer uma doação de 100 bilhões de dólares por ano para cuidar das florestas. Esse dinheiro ainda não apareceu, e nós vamos sempre cobrar porque é importante ter em conta que, além da América do Sul, nós temos a Indonésia com vasta área verde ainda e nós temos o Congo com várias áreas verdes. Então nós vamos tentar juntar esses países que têm florestas bastante preservadas para que a gente faça da manutenção da nossa floresta em pé e das pesquisas da nossa biodiversidade um jeito novo de cuidar do planeta Terra", concluiu.
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