Amazônia

Lula quer que países ricos cumpram promessas de doações para florestas

Cumprindo agenda internacional na Itália, o presidente Lula falou sobre a COP-30, a primeira em um estado amazônico, e respondeu a perguntas da imprensa

Natália Peronico*
postado em 22/06/2023 15:00
 (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
(crédito: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que cobrará os países mais ricos a doação de 100 bilhões de dólares por ano prometida em 2009, na COP-15, em Copenhague, para cuidar das florestas. A fala foi dita durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (22/6) na visita que o presidente faz a Itália. “Precisamos discutir com o mundo desenvolvido a verdadeira ajuda que se promete desde a COP 15, em Copenhague, quando se decidiu que os países ricos iriam fazer uma doação de 100 bilhões de dólares por ano para cuidar das florestas. Esse dinheiro ainda não apareceu, e nós vamos sempre cobrar porque é importante ter em conta que nós temos, além da América do Sul, nós temos a Indonésia com vasta área verde ainda e nós temos o Congo com várias áreas verdes. Então nós vamos tentar juntar esses países que têm florestas bastante preservadas para que a gente faça da manutenção da nossa floresta em pé e das pesquisa da nossa biodiversidade um jeito novo de cuidar do planeta Terra”, disse. 

Com o Brasil sendo a sede da COP-30, em 2025, o presidente afirmou que será uma oportunidade para aqueles que defendem a Amazônia mas não a conhecem ver a grandiosidade da floresta, por que é necessário preservá-la e explorar a sua riqueza e biodiversidade. Outro ponto que Lula levantou, foi um encontro entre países amazônicos para fazer acordos para a COP dos Emirados Árabes, em 2023. Lula também falou que os países que já desmataram as próprias florestas têm uma dívida histórica com o planeta.

Além da COP-30, na coletiva Lula também falou sobre a guerra da Ucrânia, a esquerda europeia, negociações entre a União Europeia e o Mercosul e uma possível viagem do papa Francisco ao Brasil, educação e a taxa de juros brasileira. 

Lula ainda destacou que a Itália é importante para o Brasil, já que o território brasileiro tem mais de 600 mil italianos naturalizados e 30 milhões de habitantes italianos ou descendentes. E que a viagem era uma forma de restabelecer uma relação entre os países depois de muitos anos de afastamento e que convidou a primeira-ministra e o presidente da Itália para conhecer o Brasil. Também lamentou não poder ter encontrado os sindicalistas, por causa da agenda e destacou o encontro com o papa Francisco e com Roberto Gualtieri, prefeito de Roma, que o visitou quando estava detido na Polícia Federal.

Mercosul e União Europeia

O presidente declarou que apesar de haver possibilidade de acordos entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, as propostas ainda não atendem ao que seria melhor para a industrialização da América Latina. 

Autoridade papal e Guerra da Ucrânia

Na coletiva, Lula falou sobre como o papa Francisco é uma grande liderança política e que se interessa muito pela paz e pela questão da desigualdade. Além disso, o convidou para o Círio de Nazaré, mas a presença depende da agenda do papa. O pontífice, de acordo com o presidente do Brasil, tem mandado cardeais para falar tanto com Putin quanto com Zelensky. E que já houve conversas com outros países, como a Índia, a Indonésia e a China para criar um grupo que possa compor uma tentativa de paz.

“Olha, um acordo de paz não é uma rendição. Acordo de paz os dois envolvidos têm de ganhar alguma coisa, se não não tem acordo. Se você tem uma proposta em que alguém tem de ceder em 100%, não é acordo. Isso é rendição. Isso é imposição. E quem sabe o que é necessário para ter um acordo são os russos e os ucranianos. Não sou eu, brasileiro, muito menos qualquer outra pessoa que não é nem russa nem ucraniana.” expressou.

Disse, também, que não importa quem sejam os interlocutores das conversas para um possível acordo, mas que a guerra precisa acabar e que não há como recuperar as vidas perdidas. E que não é justo os gastos de bilhões de dólares ou euros com uma guerra que julga desnecessária.

Sobre a taxa de juros e inflação, Lula disse que não existe explicação aceitável para como é apresentada no Brasil e como deixa a sociedade endividada. Falou, ainda, sobre a como a educação é prioridade em seu governo e não é gasto, mas investimento.

Lula ainda demonstrou preocupação com a situação da Argentina e disse querer ajudar o país a voltar a crescer. 


Agenda

Nesta quinta, Lula também vai à Paris e almoça com Dilma Rousseff e se encontra com o presidente da República da África do Sul, Cyril Ramaphosa, às 15h30. Logo após, se reúne com o presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, e depois com o Primeiro-Ministro da República do Haiti, Ariel Henry. Ainda na quinta-feira, se encontra com o Presidente da COP-28 nos Emirados Árabes Unidos, Sultan al Jaber. Durante a noite, discursa no evento “Power Our Planet” e tem um jantar com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com chefes de delegação da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global.

*Estagiária sob a supervisão de Thays Martins 

 

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