Sabatina

Moro pergunta a Zanin sobre Lava-Jato e relação pessoal com Lula

Moro foi juiz da Lava-Jato e Zanin foi o advogado que atuou nas anulações dos processos de Lula no STF, resultantes de operação

Raphael Felice
postado em 21/06/2023 13:19 / atualizado em 21/06/2023 14:27
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

O senador Sergio Moro (União-PR) questionou o advogado Cristiano Zanin sobre sua conduta em julgamentos de casos que envolvem a Operação Lava-Jato durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira (21/6). 

Moro, que é ex-juiz da Lava-Jato, perguntou se Zanin, que foi advogado de Lula nestes processos, se afastaria de julgamentos sobre a operação. O senador paranaense citou opiniões colocadas no livro Lawfare, de autoria de Zanin, em que o indicado critica a Lava-Jato e afirma que ela foi usada para projeto de poder.

“No livro de vossa excelência, vossa excelência chega a fazer afirmações que o processos contra o presidente Lula teriam interesses políticos e geopolíticos. Não quero questionar essa afirmação, mas diante do juízo de valor de vossa excelência com relação à Lava-Jato, gostaria de saber se vossa excelência se afastaria de qualquer causa envolvendo a Operação?”, disse Moro.

Zanin respondeu que, como já havia dito, nos processos em que trabalhou como advogado não poderá atuar. "Com relação a suspeição e impedimento como já disse anteriormente, Moro, as regras objetivas podem desde logo serem tratadas e enfrentadas. Regra objetiva, os processos que trabalhei como advogado eu não poderei julgar este processo, esta causa se estiver no STF. Por outro lado, processos futuros, evidentemente é necessário para aquilatar ou não hipótese de suspeição ou impedimento, analisar os autos. Analisar qual o conteúdo. Até pq não acredito que o simples fato de colocar uma etiqueta no projeto, o nome lava jato, isso possa ser um critério para aquilatar a suspeição e o impedimento", respondeu Zanin.

No começo da sustentação, Moro afirmou a Zanin que os questionamentos a respeito da Lava-Jato não eram de cunho pessoal e afirmou que respeita a carreira de Zanin como advogado.

“O indicado tem que ser sabatinado vigorosamente quem quer que fosse o presidente, eu já disse isso. Quero dizer que faria da mesma maneira com qualquer indicado de qualquer presidente. Respeito seu trabalho na Lava-Jato, profissional, assim como fiz meu trabalho como juiz como profissional, não existe nenhuma questão pessoal envolvida, mas é nosso dever fazer uma sabatina com questionamentos que às vezes podem ser difíceis”, afirmou o senador.

Sergio Moro ainda perguntou a Zanin se a sua relação com o presidente Lula era estritamente profissional ou se tinha algum tipo de relacionamento pessoal, e questionou se o indicado havia sido padrinho de casamento do presidente da República, segundo "informações que viu na internet e não sabia se era verdade". Zanin respondeu que a informação não procede e que esteve com Lula apenas uma vez em 2023.

"A minha relação com o presidente Lula se estabeleceu ao longo do tempo na condição de advogado. Eu tive uma convivência bastante frequente com o presidente Lula. Não fui padrinho do casamento de Lula e prezo muito essa relação assim como a que tenho com outras pessoas inclusive deste Senado. Talvez um dado eu possa trazer a vossas excelências. Neste ano, a única vez que eu estive presencialmente com Lula foi a vez que estive ao Palácio do Planalto para receber o convite para ser ministro do STF, onde estavam ministros e outros integrantes do governo na reunião". O indicado ainda reforçou que a "etiqueta da Lava-Jato" não é um critério de "controle jurídico".

Os questionamentos de Moro a Zanin foram um dos mais aguardados na CCJ, mas apesar das fortes divergências, o debate se deu de forma cordial, tanto nas perguntas do ex-juiz, quanto na pergunta do advogado.

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