Ministérios

Sabino almoça com Lula e solidifica apoio no Pará para sua indicação

Cotado para o Ministério do Turismo, o deputado paraense almoçou ontem com o presidente Lula em restaurante reservado. Em meio à pressão do União Brasil, Padilha ouvirá membros da bancada nos próximos dias

Raphael Felice
Victor Correia
postado em 18/06/2023 03:55 / atualizado em 18/06/2023 14:23
 (crédito: Alexssandro Loyola)
(crédito: Alexssandro Loyola)

Esperada para a semana passada, a queda da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, foi adiada. A saída é considerada quase certa por integrantes do Planalto, e depende de negociação com lideranças do União Brasil. Em meio à crise estabelecida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em agenda no Pará, teve ontem um almoço reservado na capital, no tradicional restaurante Casa das 11 Janelas, com o cotado para substituir Daniela Carneiro no Ministério do Turismo, Celso Sabino (União-PA). O encontro foi planejado pelo governador do estado, Helder Barbalho (MDB), que sinalizou seu apoio a Sabino na pasta durante o evento de entrega de unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida, em Abaetetuba (PA).

"Se o Pará tiver mais um ministro, não vamos achar ruim, porque fortalece o nosso estado. Caso a sua decisão seja essa, o Celso representará todos nós junto ao ministro Jader (Filho, das Cidades) para que o Pará possa estar fortalecido", declarou Helder, que também é irmão de Jader Filho. Na sexta, o ministro da Secretaria de Relações Internacionais, Alexandre Padilha, declarou a troca da pasta como "natural", e disse que irá se reunir com parlamentares da sigla "nos próximos dias".

"Está em debate um pedido de reformulação dos seus ministros. Nós vamos continuar discutindo. Vamos programar para os próximos dias, ouvir os dirigentes do União Brasil qual proposta eles apresentam em relação a isso. É absolutamente natural que esse debate possa acontecer. Sobretudo, com ministros indicados por partidos", disse Padilha a jornalistas.

Em reunião com a ministra, Lula relatou que a demanda do União é um forte entrave à permanência de Daniela, mas deixou claro que a apoia e que não gostaria de removê-la da Esplanada. Para reduzir o impacto da iminente saída, o "trabalho honroso" de Daniela foi elogiado por Padilha após uma reunião do ministro com a bancada do PSD.

Mudanças

A queda de Daniela foi adiada por decisão do presidente Lula. Entretanto, dentro do Congresso, interlocutores do União Brasil próximos a Celso Sabino afirmam que ela deve sair do cargo ao longo da semana.

Apesar de compor a cota dos três ministérios do União Brasil, Daniela está virtualmente fora da legenda. A ministra está em litígio e pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorização para trocar de sigla sem perder o mandato de deputada federal. Como seu marido, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, ela deve seguir ao Republicanos.

Dessa forma, o partido não se considera mais representado com a presença da ministra na cadeira. Documentos internos apontaram que 50 dos 59 deputados da bancada apoiam que Celso Sabino (União-PA) assuma o cargo. Além disso, o conflito interno ocorreu entre o grupo político de Waguinho e Daniela e o liderado pelo presidente do União, o deputado Luciano Bivar (União-PE).

O União quer o ministério "de porteira fechada", ou seja, incluindo a presidência dos órgãos subordinados e indicações a outros cargos da estrutura. Embora tenha deixado de ser uma autarquia em 2019, um órgão estratégico é a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), chefiada por Marcelo Freixo (PT-RJ).

O atual presidente da Embratur articulou durante a semana passada com lideranças do União, como Sabino e Elmar Nascimento (União-BA), a sua permanência. O carioca não faz parte do grupo político de Daniela e Waguinho, e argumenta que sua indicação ocorreu por meio de convite do próprio presidente Lula. Padilha, segundo relatos, também garantiu a Freixo que seu cargo não será negociado. Outros postos da Embratur, porém, devem ficar sob controle do partido do Centrão. Fora do Turismo, o União também pressiona pela presidência dos Correios e do Banco do Nordeste.

Embora a situação política de Daniela seja considerada complicada desde o início do ano, após fritura por relação com acusados de integrar a milícia carioca durante a campanha eleitoral, Lula não bateu o martelo imediatamente para a sua saída. Integrantes do União calcularam que a queda ocorreria na última terça, quando o presidente encontrou pessoalmente a ministra para tratar do tema.

A demora causou insatisfação na bancada, que foi tema de reunião no mesmo dia. Segundo interlocutores, a demissão só ocorrerá após extensa negociação com o União Brasil. Não há garantia que a mudança ministerial dê ao governo votos no Congresso, o que é visto com preocupação e alertado pelo próprio Waguinho a Lula. O tempo extra também diminui o embaraço à ministra, que articula uma "saída honrosa", apresentando os feitos de sua gestão.

Ao Correio, o deputado Fábio Garcia (União-MT) declarou que apenas o líder da bancada sabe quantos votos consegue entregar ao governo. "O Elmar (Nascimento) já colocou sua posição sobre o assunto publicamente. Essa decisão está com ele. Ele sabe quantos votos vai poder entregar ao governo ou não", avaliou.

A tendência é que com a entrada de Sabino na composição ministerial, o União passe e integrar de forma mais efetiva a base do governo na Câmara, que vem dando alguns sustos em Lula, como a derrubada de decretos no marco do saneamento e o esvaziamento de pastas na tramitação da MP da reestruturação da Esplanada.

Dos três ministros indicados pelo União Brasil por caciques do partido, apenas Juscelino Filho — que já se envolveu em polêmicas — é um quadro ativo da legenda de Bivar. Além de Daniela, de saída para o Republicanos, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, indicado pelo senador Davi Alcolumbre (União-AP), é filiado ao PDT.

 


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