Em sua terceira reunião ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma série de cobranças e deu início ao que chamou de "segundo passo" para o governo, que é a concretização das medidas já anunciadas.
"Esta reunião tem como pressuposto o segundo passo no nosso governo", disse, na abertura do encontro. O primeiro passo, na avaliação do governo, foi a reconstrução de políticas desmontadas durante a gestão passada, a exemplo do Bolsa Família e do Minha Casa, Minha Vida. Para Lula, esse objetivo foi concluído, à exceção do Luz Para Todos, do Água para Todos e do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que devem ser anunciados em breve. O PAC será retomado em 2 de julho e manterá o nome, apesar do esforço do governo em tentar rebatizá-lo.
"Daqui para frente, a gente vai ser proibido de ter novas ideias. A gente vai ter de cumprir aquilo que a gente já teve capacidade de propor até agora", declarou Lula.
O petista também passou recados aos integrantes do governo. Como na reunião passada, frisou que todas as medidas têm de passar pela aprovação da Casa Civil, chefiada pelo ministro Rui Costa. "As políticas todas serão de governo. O ministro não pode apresentar uma proposta nem começar a fazê-la sem apresentá-la à Casa Civil. Não é política de ministério, é a política do governo da qual nós fazemos parte", enfatizou.
O Executivo sofreu atritos internos por falas e anúncios feitos por ministros de forma desencontrada, como a divulgação inicial do programa para baratear carros populares, que teve o freio de mão puxado pelo chefe da Fazenda, Fernando Haddad, e foi concretizado com outro desenho, mais focado em veículos de carga e de transporte público.
Nesse sentido, Lula também pediu que as informações sejam centradas na Secretaria de Comunicação Social (Secom), chefiada pelo ministro Paulo Pimenta. O presidente prometeu que todos os anúncios e dificuldades do governo serão tratados de forma pública, mas apelou por uma melhor coordenação. "A gente pode fazer divulgação das coisas que a gente faz com muito mais profissionalismo se tiver o mínimo de educação de fazer as coisas coletivamente", frisou.
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Um dos principais pontos tratados no encontro foi a demora de ministros em atender pedidos de parlamentares e de indicar cargos de segundo e terceiro escalões. A cobrança foi feita pelo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Essa demora é alvo constante de reclamação entre congressistas e apontada como uma das razões de o governo ainda não ter uma base sólida no Legislativo. Outra cobrança é para que os ministros convidem parlamentares a participar de lançamentos e inaugurações de obras nos seus respectivos estados.
Sob risco de demissão, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, também participou da reunião. O governo sofre pressão do União Brasil para que o deputado federal Celso Sabino (União-PA) assuma a pasta, o que, segundo interlocutores, é o cenário mais provável.
As falas dos ministros e demais autoridades ocorreram a portas fechadas. Além dos chefes das pastas, marcaram presença líderes do Congresso e presidentes de bancos públicos, estatais e de outros órgãos.
Apenas dois dos 37 ministros não compareceram ao encontro. Marina Silva, do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, estava internada em São Paulo por causa de fortes dores nas costas — ela recebeu alta no fim da manhã desta quinta-feira. Já Luiz Marinho, do Trabalho, está em viagem a Genebra, na Suíça, onde participa da Conferência Internacional do Trabalho (CIT). Ambos foram representados por seus respectivos secretários-executivos, o segundo cargo na hierarquia.
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