O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apontou que a prioridade do governo é a descarbonização da economia e antecipou que o Executivo deve propor um projeto para dar incentivos à economia verde. Ele também ponderou que o país ainda depende do petróleo e defendeu a exploração da Margem Equatorial, próxima à foz do rio Amazonas, pela Petrobras.
Sem detalhar quais seriam as medidas, o ministro antecipou o interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em apresentar um projeto de lei para beneficiar o setor de mobilidade elétrica no país, mas destacou que o Brasil ainda precisa do petróleo para enfrentar as desigualdades e a fome. As declarações foram dadas nesta quarta-feira (14/6) após um evento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em Brasília, para discutir a eletrificação da frota brasileira de veículos.
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“Nós temos que trabalhar com a realidade de que nós ainda somos dependentes dos combustíveis fósseis no mundo. Defendemos que o Brasil seja o grande protagonista de energia limpa e renovável no mundo, mas não podemos deixar de olhar a realidade de hoje. Temos um Brasil com muitas desigualdades, com fome, com miséria, e os combustíveis fósseis ainda são uma necessidade para o desenvolvimento do nosso país. Nós precisamos gerar divisas para nossa nação.”
Questionado sobre o impasse criado dentro do governo entre a pasta chefiada por ele e o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em decorrência da exploração pela Petrobras da região da Margem Equatorial, Silveira reforçou que espera a reconsideração da decisão do órgão ambiental fiscalizador para o prosseguimento das pesquisas na região.
"Fome tem pressa"
“A Margem Equatorial é talvez a última fronteira de exploração de combustíveis fósseis no Brasil, porque eu entendo que entre 10 e 20 anos iremos diminuir muito o uso desses combustíveis. Se o Ibama apontar as condicionantes necessárias para que a Petrobras cumpra, cumpriremos as condições para que as pesquisas sejam retomadas para assim reconhecer as potencialidades da Margem Equatorial”, explicou Silveira.
“Temos que ter cuidado ao falar da Margem Equatorial, pois estamos falando de 500 quilômetros da foz do Amazonas e falando de 180 quilômetros do Oiapoque. Confio no bom senso, e o bom senso nunca deve dizer não, deve dizer como fazer. O que eu espero é que os órgãos ambientais digam como fazer e nós vamos atrás disso”, emendou.
Para o ministro, os combustíveis fósseis podem ajudar o Brasil a superar as desigualdades. Citando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, ele disse que a população brasileira tem fome e que “fome tem pressa, fome não pode esperar. Portanto, nós temos que ter bom senso sobre as riquezas naturais, respeitando o meio ambiente, as regras e a legislação vigente”.
Alexandre Silveira lembrou ainda que o país depende da exploração dos recurso minerais, em especial do lítio, para realizar a transição energética.
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