O prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner Carneiro — o "Waguinho" —, lidera a articulação para tentar manter a esposa, Daniela Carneiro, à frente do Ministério do Turismo. Ele desembarcou em Brasília, nesta segunda-feira, para uma série de reuniões com líderes do governo e parlamentares, em meio à pressão do União Brasil por uma mudança na pasta.
Waguinho quer se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar dissuadi-lo. Disse que, até o momento, não teve confirmação do presidente de que a troca será feita. O encontro pode ocorrer hoje.
A saída de Daniela, porém, é considerada certa nos bastidores. Segundo apuração do Correio, a expectativa de integrantes do União Brasil é de que o anúncio seja feito ainda nesta semana, com o deputado Celso Sabino (União-PA) assumindo o ministério.
A grande maioria da bancada na Câmara apoia a indicação de Sabino. Integrantes da legenda argumentam que Daniela ocupa um dos três cargos que foram destinados ao União durante a montagem da Esplanada, mas não representa mais o partido. A ministra foi indicada na cota pessoal de Lula por causa do apoio dado por Waguinho nas eleições do ano passado.
Daniela pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorização para se desfiliar sem perder o mandato de deputada federal — ela foi a mais votada no estado do Rio de Janeiro. A ministra seguirá o caminho de Waguinho, que também deixou o União rumo ao Republicanos, após racha com o deputado estadual fluminense Márcio Canella, aliado do presidente nacional da legenda, Luciano Bivar.
O União pressiona pela troca no ministério ao dizer que, se não houver a mudança, o partido deve dar ainda menos apoio a Lula nas votações importantes do Congresso.
Mesmo sendo da base, a legenda chegou a ter menos parlamentares votando a favor de projetos de interesse do governo do que partidos que não compõem com o Executivo, como o PP e o próprio Republicanos.
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Sabino é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e foi líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2020, quando ainda era filiado ao PSDB.
Um documento interno do União circulou, nesta segunda-feira, declarando apoio ao parlamentar no Ministério do Turismo. O texto foi redigido e ganhou força após ataques feitos por Waguinho ao partido e a Sabino, a quem chamou de "frouxo" publicamente.
O abaixo-assinado soma ao menos 50 assinaturas — a sigla tem 59 deputados filiados. A ameaça é que, caso a troca na pasta não ocorra, os signatários podem ir para a oposição e dificultar ainda mais a vida dos governistas no Parlamento.
Retaliação
Para Waguinho, Luciano Bivar e Antônio Rueda (vice-presidente do União) estão articulando para colocar bolsonaristas na Esplanada de Lula — em referência a Sabino. Ele argumentou que retirar Daniela do cargo é um golpe contra a representatividade feminina nos ministérios.
"É uma retaliação ao governo Lula. Quer impregnar o governo Lula de bolsonaristas. Na verdade, Bivar e Rueda não têm poder de entregar voto nenhum. Isso é uma grande mentira. Está dando cheque sem fundo para o governo Lula", declarou Waguinho, em entrevista à Globonews.
Integrantes do governo estudam contrapartidas para Waguinho e Daniela pela perda do cargo, o cenário considerado mais provável. Mesmo com a demissão, o casal — pelo menos publicamente — descarta se afastar do governo Lula.
O prefeito lembrou que apoiou Lula nos três mandatos e que está pronto para apoiar o "Lula 4".
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