Depois de o Congresso esvaziar os poderes do Ministério do Meio Ambiente sem que houvesse reação do Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu mandar um sinal de que não abandonou o discurso de preservação ambiental.
Tentando manter o compromisso feito com a ministra da pasta, Marina Silva, ainda na campanha eleitoral, o petista aproveitou a solenidade no Dia Mundial do Meio Ambiente para avisar que seu governo será duro com quem destruir a Amazônia. No discurso, citou três setores: pecuaristas; madeireiros e garimpeiros.
Ao mesmo tempo em que prometeu ações de repressão contra desmatamento e garimpo ilegal, Lula disse que a preservação do meio ambiente deve assegurar, também, melhores condições de vida aos povos da Amazônia.
Com Marina presente, Lula sustentou que é preciso criar alternativas para exploração da biodiversidade da região. Ele não fez, no entanto, referência direta ao petróleo — o Ibama barrou um projeto da Petrobras na foz do Rio Amazonas para exploração do combustível fóssil.
"Para preservar a Amazônia é preciso cuidar do povo, da fauna e da floresta. Mas não podemos permitir que os seres humanos dessa região continuem sendo os pobres do planeta. Nós queremos extrair, pesquisar a riqueza de nossa biodiversidade para ver se dela a gente consegue tirar sustento do nosso povo", afirmou Lula, citando dois setores da indústria que podem se beneficiar dessa exploração: o de cosméticos e o de medicamentos.
- Em 2022, Amazônia teve maior desmatamento em 15 anos, diz Imazon
- Multas por desmatamento na Amazônia aumentam 219% no trimestre
- Operação contra garimpo em TI apreende R$ 2 milhões em equipamentos
No discurso, Lula renovou sua cobrança aos países ricos para que cumpram suas promessas e ampliem o financiamento para combater o desmatamento ilegal na Amazônia.
"Desconfio que países ricos prometem o que não podem ou não querem dar", afirmou o petista, que ainda reiterou que tem compromisso com os povos indígenas diante da "dívida acumulada" do Brasil com eles.
Recados
Ele também mandou um recado a pecuaristas e madeireiros brasileiros. "Quero dizer a cada companheiro fazendeiro, cada produtor rural, pelo amor de Deus, não precisa mais derrubar árvores para plantar soja, milho, cana ou criar gado. Tem muita terra para ser utilizada. Precisamos dizer aos madeireiros deste país que, se quiserem derrubar árvore, plantem aquilo que quiserem cortar para fazer uma cadeira, um armário", frisou Lula, se dirigindo, em seguida, aos garimpeiros: "Não pode explorar sem autorização de pesquisa. Este país tem lei, tem regra. Senão, é garimpo ilegal, e vamos lutar muito".
Saiba Mais
- Política Marina: jamais subordinaria minha permanência no governo a uma decisão externa
- Política Lula veta trechos da MP que afrouxava proteção da Mata Atlântica
- Política Erika Hilton aciona o MP contra André Valadão por falas homofóbicas em culto
- Política Buscando melhor relação com Congresso, Lula se reúne com senadores
- Política Convidada do CB Agro, presidente da Embrapa confirma concurso para 2024
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.