Congresso

CPI do 8 de janeiro avalia, hoje, plano de trabalho

Relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA) pretende investigar episódios anteriores à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, numa tentativa de golpe de Estado, dias depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Raphael Felice
postado em 06/06/2023 03:55
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

Está marcada para esta terça-feira a apresentação e a votação do plano de trabalho da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI do 8 de janeiro. Ela analisou 798 requerimentos apresentados por deputados e senadores até a noite de ontem.

O documento que será avaliado pelo colegiado, além de definir os primeiros depoentes, também requisitará documentos de investigações que correm na Polícia Federal (PF), Supremo Tribunal Federal (STF), no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Nosso foco será voltado para buscar os autores intelectuais e os financiadores do 8 de janeiro. A gente vai, também, fazer um recorte de uma avaliação dos dias anteriores e olhar para o que foram os dias 24 e 12 de dezembro. Faremos um apanhado geral porque não foi o dia 8 de janeiro em si apenas. Tem um planejamento anterior e é em cima dessa perspectiva que apresentaremos nosso plano", disse à Rádio Senado.

Membros da oposição, porém, trabalham com a tese de que o governo Lula atuou para facilitar a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) protocolou requerimentos de convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Mas ele quer, também, a presença do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e último ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Anderson Torres.

"Não quero defender ou só focar em uma coisa. Quero a verdade como um todo. Fiz requerimento convocando alguns policiais, integrantes do Exército, o próprio Torres. Também entrei com a quebra de sigilo telemático e do celular do Dino. Acho que não vai ter nenhum problema: se ele diz que não tem nada, que não se omitiu, lá vai estar a verdade", explicou.

Desentendimentos

A reunião da comissão deve, também, ser marcada por uma série de ataques e desentendimentos entre governistas e oposicionistas. A ala bolsonarista da oposição trabalha com a tese de que o governo sabia que os atos seriam violentos, mas facilitaram a destruição das sedes dos Três Poderes.

Já o governo vai focar em ouvir aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, segundo investigações da PF e do STF, teriam insuflado as manifestações violentas. Entre eles, o autor do requerimento da CPMI, o deputado André Fernandes (PL-CE), apontado pela PF como um dos responsáveis pela incitação aos extremistas em Brasília.


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