Depois de ouvir muitas reclamações sobre a articulação política do governo e de enfrentar, na semana passada, uma tensa negociação no Congresso para aprovar a medida provisória que reorganizou a Esplanada dos Ministérios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a semana priorizando o diálogo com a classe política. Nesta segunda-feira, ele recebeu para o café da manhã, no Palácio da Alvorada, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sem a presença de ministros. A intenção foi reduzir as áreas de conflito entre governo e Parlamento e montar uma agenda de encontros com partidos da base e de oposição.
Lula se reuniu com líderes partidários do Senado, na noite desta segunda-feira, no Planalto, e pretendia convocar os líderes da Câmara também, mas, por incompatibilidade de agendas, esse encontro será remarcado. "Uma coisa é conversar com um ministro. Outra, bem diferente, é conversar diretamente com o presidente da República", comentou um interlocutor palaciano sobre a decisão do petista de assumir pessoalmente o comando da articulação política e dar uma espécie de "freio de arrumação" na delicada relação com o Congresso.
A interlocutores, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que a conversa com Lira ajudou a distensionar a relação entre os dois chefes de Poder. No Palácio do Planalto, onde participou de evento em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, Wagner negou que esteja sendo planejada uma reforma ministerial. "Só se houver algum problema ou de desempenho ou de alguma ruptura política. Cada ministro que está aqui representa um (partido) ou um conjunto de partidos. Se essa relação sofrer algum abalo, aí pode ser sugerida uma troca", argumentou.
Lira também negou que tenha pedido mudança de ministros. "Não tratei de ministérios, não tratei de liberação de emendas nem liberação de espaços. Isso não foi aventado nem pelo presidente. Falamos sobre articulação política", declarou o político alagoano, em entrevista à CNN Brasil. Segundo ele, um dos temas principais da conversa foi a tramitação da reforma tributária, que deve ser encaminhada ao Congresso ainda neste semestre.
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Paralelamente ao encontro entre Lula e Lira, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, se reuniram para destravar a lista de indicações políticas para cargos de segundo e terceiro escalões no Executivo. O lento processo de análise de currículos é um dos principais alvos das críticas de parlamentares. O presidente determinou aos dois ministros que deem celeridade às nomeações, porque "a pressão é grande", segundo um líder ouvido pelo Correio.
Na divisão de tarefas, conforme apurou a reportagem, caberá a Padilha o envolvimento direto na negociação com os partidos, enquanto Costa acompanhará a parte burocrática de pesquisa de perfil e currículo dos indicados, uma atribuição que já faz parte da rotina da Casa Civil.
Com esses passos, o Palácio do Planalto acredita que poderá melhorar o diálogo com o Congresso, para facilitar a tramitação das medidas provisórias e dos projetos de interesse do governo. A estratégia para reaproximar Lula do Parlamento, de maioria conservadora, vem sendo tratada internamente há algumas semanas, mas os compromissos internacionais do presidente adiaram o início das conversas. Depois de se encontrar com os líderes, Lula quer fazer reuniões periódicas com as bancadas de todos os partidos, inclusive da oposição, tanto da Câmara quanto do Senado. A proposta é para que os encontros ocorram no Palácio da Alvorada, após o fim do expediente, sem pauta predefinida e em clima descontraído.
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