A secretária nacional de Políticas sobre Drogas, Marta Machado, explicou nesta segunda-feira (5/6) que a situação do avanço do tráfico de drogas em territórios indígenas é "realmente preocupante", e que o governo vem recebendo diversos relatos de situações de violência no país. A secretária afirmou ainda que os ministérios da Justiça e Segurança Pública, dos Povos Indígenas e da Saúde estão trabalhando para mitigar os efeitos do tráfico e do abuso de drogas entre indígenas.
"O diagnóstico existe a partir de uma série de denúncias que vêm chegando aqui no Ministério da Justiça, no Ministério dos Povos Indígenas, na Funai [Fundação Nacional dos Povos Indígenas], de uma situação realmente preocupante do avanço do tráfico e, com isso, uma série de violências nos territórios indígenas", disse Marta a jornalistas após o evento de lançamento da Estratégia Nacional para Mitigação e Reparação dos Impactos do Tráfico de Drogas sobre Territórios e Populações Indígenas, ocorrida nesta manhã no Palácio da Justiça.
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Segundo a secretária, a estratégia é de longo prazo, e a primeira ação foi o lançamento de edital de R$ 3 milhões para fortalecer organizações e entidades que atuam para reduzir a vulnerabilidade social de comunidades indígenas, em todo o país, e também de outros povos tradicionais, na Amazônia Legal.
A ação é fruto de um grupo de trabalho, lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o Acampamento Terra Livre, em Brasília. O governo tem recebido relatos e documentos de organizações locais, como as políticas e entidades indígenas, de casos de violência às comunidades. Os relatos incluem violência sexual contra indígenas e cooptação de jovens pelo tráfico.
Abuso de substâncias
Os casos ocorrem em número altíssimo na região amazônica, mas também em outros locais de fronteira, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e no sul da Bahia, no litoral. Outro ponto de preocupação é o abuso de álcool e drogas nas comunidades.
"Pesquisa sistematizada é uma das coisas que a gente já está encomendando, tanto pesquisas epidemiológicas de abuso de substâncias entre indígenas, que não existem ainda no Brasil, como também uma ampla pesquisa para documentar as violências que têm ocorrido nos territórios", contou Marta. "É algo que a gente já está negociando, mas não há ainda uma pesquisa sistematizada", acrescentou.
A secretária destacou ainda a importância da atuação conjunta com o Ministério dos Povos Indígenas. De acordo com ela, o foco do edital lançado hoje, bem como a atuação do grupo de trabalho, foram sugestões dadas pelo ministério.
"Em um primeiro momento, a gente construiu, até agora, com o Ministério dos Povos Indígenas. Agora, a ideia é também que a gente faça um amplo processo de consulta e escuta de diversas comunidades indígenas do país", frisou Marta.
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