A pesquisa “Mulheres Profissionais de RIG 2023” mapeou que 80% das profissionais de relações governamentais e defesa de interesses — também conhecido como lobby — já sofreram alguma abordagem indevida que poderia ser classificada como assédio moral ou sexual na atuação em relações governamentais.
O estudo apontou que destas, 42% receberam convite ou proposta inadequada, 28% sofreram pressão ou ameaça e 17% sofreram assédio direto ou agressão física ou psicológica. Os resultados mostram que a prática do abuso e assédio é disseminada em diferentes ambientes e níveis hierárquicos. “A pesquisa de forma muito triste identificou que o assédio moral e sexual é muito presente, por isso a necessidade de ações efetivas e um olhar para que a gente deixe de ter essas situações”, frisou a Conselheira de Conteúdos do IRELGOV, Denilde Holzhacker.
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É nesse sentido que 97% das entrevistadas disseram acreditar ser importante ter um canal de denúncia, acolhimento e encaminhamento de casos de assédio moral ou sexual praticados contra as profissionais. O estudo foi organizado pela Coalizão de Educação e Combate ao Assédio em Relações Governamentais, composta por Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV), Comitê Mulher da Abrig (Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais), a Associação Mulheres em Relgov+ e os coletivos Dicas Mulheres em RIG e Pretas e Pretos em Relgov.
Para Francine Moor, coordenadora do Comitê Mulher da Abrig, são nuances sutis que caracterizam a diferença entre o toque incompatível e o assédio. "Podemos pensar que muitas mulheres ainda não perceberam que o que passam diariamente é, de fato, assédio, e que essa prática limita suas atividades e seus resultados. Precisamos construir um espaço seguro de atuação das mulheres, que são sujeitos importantes na construção das políticas públicas, que contribuem para a atividade das parlamentares, e que continuam sendo cidadãs cerceadas, inclusive no espaço público”, explicou.
Salários
As profissionais também relataram à pesquisa que têm salários menores do que os homens e recebem menos oportunidades. Em relação a salários, 76% das entrevistadas consideram que as mulheres recebem valores menores do que os homens. A maioria (92%) concorda que há diferenças na forma como homens e mulheres são tratados no ambiente de trabalho. A maior parte (57%) também observa uma expectativa para que as mulheres na área assumam pautas relacionadas a cuidado, como saúde, educação e direitos humanos, o que indica que ainda há uma visão estereotipada do papel da mulher na sociedade. A pesquisa mostra que a maioria das profissionais (64%) não têm filhos; entre as que são mães, 36% admitem que a maternidade impacta muito em suas rotinas e carreiras.
Todas as questões que perpassam o universo feminino dialogam diretamente com a falta de representatividade de mulheres na política, avalia Denilde. “O fato da política ainda ser majoritariamente masculina também colabora para essas barreiras. A baixa presença de mulheres na política faz com que questões ligadas ao mundo feminino acabem não sendo incorporadas”, salientou.
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