Em meio às complexas negociações em torno da Medida Provisória (MP) que reorganiza a Esplanada dos Ministérios (1154), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirma que há uma “insatisfação geral” com a articulação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que caso a proposta não passe ou não seja votada hoje, “a Câmara não deverá ser responsabilizada”.
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“O problema não é na Câmara, não é do Congresso. O problema está no governo, na falta ou ausência de articulação. Não tenho mais como empenhar o meu papel em estar conduzindo as matérias do governo, do Estado, de interesse do país, a gente tem dado o nosso máximo”, disse o presidente, voltando a ressaltar que a “realidade do Congresso não é a mesma”, referindo-se ao parlamento encontrado por Lula em seus mandatos anteriores.
Lira avaliou que, caso não seja votada hoje, a matéria não deverá ser apreciada. “Se tivesse os votos necessários nós já tínhamos votado ontem (30/5). Se não houver votos eu penso que a matéria não será nem votada”, afirmou. O presidente da Casa ainda defendeu o trabalho do relator da matéria, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que, segundo Lira, “foi criticado e não foi defendido pelo próprio governo que ajudou a fazer o parecer”.
Sobre as hipóteses ventiladas de que Lira estaria pedindo contrapartidas e ministérios para a votação da matéria, o recado do presidente foi duro. “Não há achaque, não há pedido, não há novas ações. O que há é uma insatisfação generalizada dos deputados, e talvez dos senadores, que ainda não se posicionaram, com a falta de articulação política do governo, não é de um ou outro ministro”, frisou.
A respeito da suposta reunião que Arthur Lira teria nesta tarde com o presidente Lula, o alagoano ressaltou que se tratava de uma “notícia fake”, e que houve apenas uma ligação com o chefe do Executivo na manhã desta quarta. “Eu expliquei para ele as dificuldades que o governo dele tem, e é preciso que a imprensa trate isso com clareza. Nós estamos fazendo um esforço sobre humano para que essas coisas tramitem”, relatou.