Congresso

Deputada tem áudio cortado em CPI do MST pelo 2º dia seguido

O presidente da comissão, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), mais uma vez corta Sâmia Bomfim (PSOL-SP); MPF à PGR que silenciamentos sejam apurados

Em mais um começo de sessão tumultuado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), nesta quarta-feira (31/5), o presidente do colegiado, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), cortou o microfone da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).

Enquanto a parlamentar apresentava uma questão de ordem, que é quando uma dúvida ou questionamento sobre a pauta ou o procedimento surgem, citando os artigos do regimento da Câmara dos Deputados, o áudio foi cortado pelo presidente da CPI, por considerar as questões postas como “protelatórias”.

“Tem um inquérito contra o senhor na PGR (Procuradoria-Geral da República) por cortar o microfone de deputadas e o senhor vai dar prova contra o senhor”, protestou Sâmia.

Ontem (30), ele fez o mesmo e o Ministério Público Federal (MPF) enviou uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que seja apurado o silenciamento da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) durante a sessão da terça-feira (30/5) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Na ocasião, a parlamentar teve seu microfone cortado pelo presidente do colegiado, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), ao apontar que este teria participado em atos antidemocráticos após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas. Ao ser silenciada, Sâmia lembrou que Zucco é investigado, a pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeita de financiamento e incentivo a atos no Rio Grande do Sul e em Brasília.

A procuradora Raquel Branquinho, coordenadora do grupo de trabalho do MPF sobre violência política de gênero, afirmou na manifestação que a conduta de Zucco na comissão é enquadrada como crime pelo Código Eleitoral, que prevê pena de reclusão de um a quatro anos para quem constranger e humilhar parlamentar ou candidata por ser mulher com o objetivo de “impedir ou dificultar a sua campanha eleitoral ou o desempenho de seu mandato eletivo”.

A procuradora pede à PGR que instaure uma investigação para apurar o caso, mediante a oitiva da vítima, deputada Sâmia Bomfim, além do depoimento de testemunhas, análise de vídeos do momento e do local, entre outras medidas. Ela defende, ainda, que sejam adotadas medidas cabíveis previstas no protocolo para atuação no enfrentamento da violência política de gênero, firmado entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) em agosto do ano passado.

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados - Reunião Extraordinária – Discussão e votação de propostas. Dep. Sâmia Bomfim (PSOL - SP)
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados - Reunião Extraordinária – Discussão e votação de propostas. Dep. Sâmia Bomfim (PSOL - SP)