Após discurso de abertura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cúpula que ocorre nesta terça-feira (30/5) em Brasília, com a presença de 11 chefes de Estado sul-americanos, foi a vez do presidente argentino, Alberto Fernández, se manifestar. Ele teve o discurso transmitido para a sala de imprensa do Itamaraty por cerca de três minutos até ter o sinal interrompido. Após a fala de Lula na abertura, os discursos dos outros 10 líderes se deram de forma reservada.
O argentino reforçou a necessidade da construção de uma integração do subcontinente e, dizendo que “não podemos aceitar os bloqueios na nossa região”, acompanhou a posição de Lula na crítica quanto às sanções contra a Venezuela, dona declaração conjunt petista com presidente Nicolás Maduro na segunda-feira (29) no Palácio do Planalto. Na sequência, porém, Fernández disse que a democracia na América Latina é um valor que deve ser preservado.
“A construção da democracia e dos direitos humanos na América Latina é uma luta que custou a vida de muita gente, e não podemos perder isso”, disso o argentino pouco antes do sinal ser interrompido.
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Uma cúpula sem agenda
O encontro dos líderes foi proposto sem uma agenda definida, e o presidente Lula, logo no início do seu discurso, apontou a integração como objetivo do primeiro encontro do grupo, que não deve decidir nada por enquanto.
“Essa reunião é mais uma reunião de reconexão, nos não vamos tomar nenhuma decisão aqui. É apenas para que façamos uma reflexão sobre a nossa América do Sul e quem sabe a nossa América Latina”, disse.
A proposta de construção de uma organização multilateral para o subcontinente vem de longa data. A Unasul, criada nos primeiros mandatos de Lula, tempo de uma onda de governos de esquerda no subcontinente, acabou fortemente associada a esse espectro político e com a polarização política no continente enfraquecida.
Posteriormente, com uma onda conservadora na maioria dos governos sul-americanos, foi criada a Prosul. Com a proposta de ser um novo organismo, mas com uma orientação mais à direita, esperava substituir a Unasul, mas também perdeu importância como fórum multilateral.
Tentando fugir dessa armadilha ideológica, o Brasil, como principal potência do subcontinente, tem buscado apontar o caminho de uma entidade “não ideológica” da América do Sul para defender os interesses comuns dos países da região.
Nesse sentido diplomatas ouvidos pelo Correio apontam que, com composição atualmente diversa da orientação dos governos da região, as divergências devem aparecer, masnesse momento de reencontro seria importante aos líderes poder conversar livremente, sem cobertura da imprensa, para o estreitamento desses laços em prol de um entendimento comum entre as nações.