Pouco mais de um ano após assumir o cargo, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), ainda enfrenta um grande desafio: ser reconhecido pelos belo-horizontinos como governante da cidade.
De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Opus (opuspesquisa.com), 80% dos belo-horizontinos não sabem quem é o prefeito da cidade. O levantamento foi realizado a partir de 400 entrevistas feitas presencialmente entre 6 e 8 de maio. A margem de erro é de cinco pontos percentuais.
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Em pergunta espontânea, sem a apresentação de alternativas, apenas 20% dos entrevistados disseram que Noman é o prefeito de BH. O nome de seu antecessor, Alexandre Kalil (PSD), foi citado por 8%, enquanto 6% responderam outros nomes. Já 66% afirmaram não saber o nome do governante da capital.
Apesar desses percentuais, a situação de Noman melhorou em relação ao levantamento anterior, feito pelo mesmo instituto. Em dezembro, 87,5% dos entrevistados não sabiam o nome do prefeito da capital, 12,5% citaram Noman, 13,5% disseram ser Alexandre Kalil, 9% responderam outros nomes e 65% afirmaram não saber quem governa BH.
Fuad Noman assumiu a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em 29 de março de 2022, quando Kalil renunciou para concorrer ao governo estadual. Ele foi vice na chapa que reelegeu o ex-prefeito em 2020.
O economista foi secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), secretário de estado da Fazenda (2003-2007), no primeiro mandato do governador Aécio Neves e secretário de Transportes e Obras Públicas (2007-2010) durante o governo de Antonio Anastasia, também do PSDB à época.
Para Matheus Dias, diretor do Opus, os resultados mostram que Fuad Noman não consegue avançar no nível de conhecimento espontâneo da população. "É um prefeito que está desconectado com o dia a dia da população e não consegue se inserir nesse dia a dia do eleitor." Matheus Dias acrescenta que o fato é curioso, já que o prefeito teve bastante tempo para se apresentar ao eleitorado.
"Hoje temos uma infinidade de meios de comunicação que podem ser utilizados, tanto para uma comunicação direta, presença em redes sociais como Instagram, Facebook, Twitter e Tik Tok. Além dos veículos tradicionais como jornais, televisão. E ele não está conseguindo tirar vantagem de todas essas possibilidades para se apresentar ao eleitorado da capital. Isso, com certeza, vai cobrar um preço, caso ele decida tentar reeleição em 2024", frisa.
O diretor afirma que existe um problema de comunicação, mas cita outros fatores para o prefeito ainda não ser conhecido de grande parte dos belo-horizontinos. "Claro, ele não disputou uma eleição como cabeça de chapa, não foi ele a pessoa que pediu grande parte dos votos, foi o ex-prefeito Alexandre Kalil. Porém, depois de mais de um ano no cargo, minha percepção é que ele poderia ter um nível de conhecimento muito maior do que apresenta no momento".
Avaliação da gestão
A pesquisa do Instituto Opus também procurou saber a avaliação que os belo-horizontinos fazem da gestão de Fuad Noman. O que chama a atenção é que o índice de aprovação vem caindo nos últimos meses.
Em março de 2022, quando houve a mudança no comando da cidade, o percentual de moradores que avaliava a gestão como ótima ou boa era de 58%, em dezembro caiu para 39,3% e agora é de 30%. Os que consideravam a gestão como regular passaram de 25% em março para 41% em dezembro e agora são 46% dos entrevistados. Já os que acham a administração ruim ou péssima saíram de 12%, em março, para 14,8%, em dezembro, e agora somam 17%.
O diretor do Opus, Matheus Dias, ressalta que houve um agravamento do cenário desde a última pesquisa de dezembro, que já apresentava uma tendência de queda. "O índice de ótimo/bom já tinha sido reduzido em 19 pontos percentuais e agora tivemos uma redução adicional de mais 9 pontos percentuais. Isso mostra uma tendência muito forte de insatisfação dos eleitores de Belo Horizonte com a gestão municipal."
Para explicar a queda na satisfação dos belo-horizontinos com a gestão municipal, Matheus Dias afirma que existe um conjunto de fatores. "A principal mudança que conseguimos elencar é justamente a troca do mandatário. Saímos do ex-prefeito Alexandre Kalil, que sempre teve uma avaliação muito robusta. Ele é muito midiático, sempre presente em todos os veículos de comunicação. Agora temos um prefeito que não tem a mesma dinâmica e a mesma presença nos veículos. Isso pode ter sido um dos principais desencadeadores dessa mudança da opinião pública", observa.
Na avaliação da gestão de Belo Horizonte por região, a Regional da Pampulha é a que mais a classificou como ótima ou boa, com 45%, ao passo que apenas 17% dos moradores da Regional Nordeste deram a mesma resposta. A Regional Noroeste tem o maior percentual, 26%, dos que consideram a administração da capital ruim ou péssima. A menor rejeição está na Regional Barreiro, com apenas 6%.