As duas ministras que enfrentam uma desidratação das suas pastas, Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente), afirmaram neste domingo (28/5) que o entrave com o Congresso Nacional, além de político, também é uma questão de gênero. O avanço da Medida Provisória (MP) da Estruturação da Esplanada retira atribuições consideradas fundamentais.
“Há uma questão de gênero. São duas mulheres, uma preta, uma indígena, com casos historicamente bastante difíceis de serem manejados nos países. Mas, particularmente, no nosso país não é diferente. Não é por acaso que tivemos tantas mortes envolvendo a questão ambiental, a questão indígena, com perdas irreparáveis em nossas trajetórias”, disse Marina em entrevista para o programa Cidade e Solução, na GloboNews.
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Sonia afirma que a questão perpassa um “combate à participação de mulheres” em espaços de poder. Ela também acredita em uma retaliação à efetividade de respostas das ações dos ministérios.
“É sim de cunho político, inclusive, uma reação ao governo do presidente Lula, porque é uma resposta à efetividade que a gente vem desenvolvendo nos nossos ministérios com toda essa desintrusão, por exemplo, dos invasores madeireiros, garimpeiros de territórios indígenas, com todas essas ações que a gente vem fazendo em relação a combater essa crise humanitária com o povo ianomâmi, ao destravamento das demarcações”, detalhou.
Momento de diálogo
Mesmo com essas questões, as ministras concordam que o momento é de dialogar com o Parlamento. Marina afirma que o trabalho seguirá “até o último momento”. Já Sonia confirma que as conversas irão acontecer com todos. “É crucial. Vou conversar com parlamentares, com bancadas, para que a gente possa reverter alguns votos”, enfatizou Guajajara, principalmente sobre o Projeto de Lei (PL) 490/2007, do Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas, cujo requerimento de urgência foi aprovado na semana passada.