Congresso

'Houve tentativa, mas não conseguiram o golpe', diz relatora da CPMI

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) foi eleita relatora do colegiado nesta quinta-feira (25/5). Comissão terá reuniões semanais, às quintas, e o plano de trabalho deve ser entregue na semana que vem

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) foi eleita nesta quinta-feira (25/5) relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques terroristas de 8 de janeiro, em Brasília. Em seu primeiro discurso, ela destacou o papel das mulheres no colegiado e defendeu que houve, sim, uma tentativa de golpe no Brasil.

"Houve uma tentativa de golpe, mas não conseguiram o golpe. E um fato é claro, todos nós aqui somos contra o que aconteceu. Queremos garantir ao Brasil a democracia cada vez mais forte, cada vez mais firme", discursou a senadora após ser passada a palavra pelo presidente do colegiado, também eleito na sessão de hoje, deputado federal Arthur Maia (União-BA).

Segundo Eliziane, o plano de trabalho, que deve ser entregue na próxima sessão, semana que vem, "vai representar a maioria deste colegiado, ouvindo sempre as minorias". A base governista detém a maioria das 32 cadeiras da CPMI, sendo 16 para deputados e 16 para senadores.

Mulheres têm protagonismo

A senadora foi interrompida pelos presentes logo no início do discurso, e Arthur Maia teve que pedir silêncio aos presentes. "Só lembrando, as mulheres são duas vezes mais interrompidas do que os homens. Infelizmente, isso é uma prática que nós mulheres vivemos todos os dias", destacou a relatora.

Dirigindo-se, então, às mulheres da comissão, citando a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Eliziane declarou que elas "sequer tinham assento" na CPI da Covid. "Hoje, as mulheres estão aqui, na relatoria de uma das mais importantes comissões parlamentares do Congresso Nacional", reforçou.

Convocações

A primeira sessão da CPMI ocorre hoje para eleger os integrantes da Mesa. O senador Cid Gomes (PDT-CE) foi eleito 1° vice-presidente, e o senador Magno Malta (PL-ES), 2º vice-presidente.

A eleição de Eliziane Gama como relatora iniciou o primeiro embate do colegiado. Ela é da base governista e próxima ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, um dos principais alvos da oposição, e que deve ser convocado para depor durante a investigação.

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) questionou a indicação, justamente pelo fato de a relatora ser próxima a um dos principais alvos da oposição. Em resposta, o líder do PSD no Senado, Otto Alencar (PSD-BA), declarou que todos os presentes na CPMI têm ligação ou com o governo, ou com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e têm igualmente o direito de participar do colegiado.

Do Val, inclusive, é próximo a Bolsonaro e chegou a atuar em um esquema para divulgar uma suposta suspeição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no inquérito dos atos golpistas, incluindo uma tentativa de gravar fala comprometedora do magistrado.