Os deputados da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) escolheram, na segunda-feira (22/5), Simone Soares de Souza, mulher do governador Antonio Denarium (PP), como conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR). No posto vitalício, a primeira-dama receberá salário de R$ 35,4 mil e deverá, entre outras responsabilidades, analisar as contas do governador do estado, o marido dela.
A escolha foi feita por 17 dos 24 parlamentares presentes na votação, que foi secreta. A primeira-dama, natural de Brasília, disputou o posto com o reitor da Universidade Estadual de Roraima, Regys Freitas; o deputado Jorge Everton (União); e a advogada Maria da Glória de Souza Lima. Jorge recebeu quatro votos e Regys, três. A jurista Maria não recebeu nenhum voto.
A vaga que será ocupada por Simone estava desocupada desde a aposentadoria do conselheiro Henrique Machado. O processo de seleção foi composto de inscrição, sabatina e votação. A sabatina entre os candidatos não foi transmitida pela assembleia — apenas os deputados da Comissão e os demais parlamentares da Casa, que não tiveram direito ao voto, com interesse no evento participaram.
A escolha da Assembleia foi anunciada no Diário Oficial da Casa legislativa ainda na segunda-feira (22/5). Agora, o governo estadual, dirigido pelo marido dela, deve chancelar a decisão e liberar a nomeação da primeira-dama no Diário Oficial de Roraima.
Em entrevista à ALE-RR, Simone disse que tem "certeza de que, com a minha capacidade e o currículo que apresentei, tudo isso foi levado em consideração por todos". "É preciso ter representatividade feminina em um local de decisão", acrescentou.
O Correio tentou contato com Simone, com o governador Amarildo Denarium e com o presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio (Republicanos), mas não obteve sucesso. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.
Candidatura recebeu três impugnações com acusações de currículo insuficiente e nepotismo
Desde a inscrição, a candidatura da primeira-dama foi questionada: a Assembleia recebeu três pedidos de impugnação feitos por advogados que apontaram, nos documentos, que a nova conselheira não tinha os requisitos exigidos pela Constituição Estadual de Roraima para ocupar o cargo. As informações são do jornal local Roraima em tempo.
Uma das falhas no currículo apontadas pelos advogados é a falta de experiência na área. Bacharel em ciências contábeis pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e pós-graduada em auditoria pública pela Faculdade Atual da Amazônia, Simone não tem, de acordo com os juristas, os 10 anos “de exercício de função ou efetiva atividade profissional” no ramo contábil exigidos no parágrafo 1 do artigo 46 da Constituição Estadual de Roraima.
Outra justificativa nos pedidos de impugnação é o de violação dos preceitos da moralidade administrativa, exigidos para um conselheiro do TCE, por ter acumulado cargo público e privado em 2006. O currículo da primeira-dama aponta que ela trabalhou, ao mesmo tempo, como chefe de Controle Interno na Casa Civil do Estado e também como contadora na Boa Vista Energia.
Por fim, outra acusação feita pelos advogados fere, também, o preceito de moralidade: o conflito de interesse que Simone teria por ter que aprovar ou não as contas do governador do estado, o marido dela.