cartões de vacinação

Bolsonaro sobre Mauro Cid: 'Peço a Deus que não tenha errado'

Tenente-coronel fica em silêncio no depoimento à PF. No Senado, Bolsonaro se esquiva sobre acusações contra o ex-ajudante de ordens

O tenente-coronel Mauro Cid permaneceu em silêncio durante o depoimento na Polícia Federal. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de uma investigação que apura a inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde para obter cartões de vacina contra a covid.

Procurado pelo Correio, o advogado do militar, Bernardo Fenelon, disse que "toda e qualquer manifestação da defesa técnica do coronel Mauro Cid será feita, exclusivamente, nos autos do processo, por respeito ao Supremo Tribunal Federal (STF)". Ele também não respondeu os questionamentos sobre a possibilidade de um pedido de habeas corpus.

Mauro Cid está preso desde 3 de maio, quando foi deflagrada a Operação Venire, da Polícia Federal. Na ocasião, ele também ficou em silêncio. Segundo as apurações, o militar tentou fraudar os cartões de vacina de Bolsonaro e da filha do ex-presidente, Laura, de 12 anos; da mulher, Gabriela Ribeiro Cid; dele mesmo e das três filhas do casal para entrar nos Estados Unidos. O tenente-coronel é considerado peça-chave na investigação, pois o e-mail funcional dele estava vinculado ao perfil de Bolsonaro na plataforma do ConectSUS.

Também ontem, Bolsonaro procurou se descolar das acusações que pesam sobre Cid. "Não tenho conversado com ele. Está em segredo de Justiça isso aí. Apesar de vazar, está em segredo de Justiça. O que eu vi agora no rodapé de uma tevê é que ele ficou em silêncio. Isso é com ele e com o advogado dele ", afirmou o ex-presidente, ao ser questionado sobre o assunto. "Foi um excelente oficial do Exército brasileiro, é jovem ainda. Ele fez o melhor de si. Peço a Deus que não tenha errado", acrescentou.

O ex-chefe do Executivo visitou o gabinete do filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado. Ele afirmou ter a intenção de "colaborar" com o novo governo. "A gente não vai fazer uma oposição radical, não é isso. É ajudar, apesar de não simpatizar com o atual governo. As eleições de 2026 só se discutem depois de 2024. Sem rancor da nossa parte", frisou.

Bolsonaro também comentou sobre o novo arcabouço fiscal, que teve a urgência aprovada na Câmara, na quarta-feira, e deve ser votado pela Casa na semana que vem. O requerimento teve 30 votos favoráveis de deputados federais do PL, partido do ex-presidente.

"Os problemas que acontecem no Brasil, todo mundo sofre. Está votando aqui o arcabouço fiscal, e não é da nossa ideia impedir qualquer votação. O PL é um partido grande dentro da Câmara, são 99 parlamentares", disse.

O ex-chefe do Executivo continuou: "Colaboro com meu partido com observações para aperfeiçoar os projetos para o melhor para o Brasil, esqueço até quem está na presidência", frisou. "Dá para botar emendas, obviamente. A gente não está preocupado com eleição ou reeleição, não queremos que o Brasil afunde, queremos responsabilidade", complementou.

Joias

Questionado sobre o caso das joias sauditas para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, Bolsonaro destacou que está cumprindo todas as decisões determinadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

"A Receita acabou de informar que não tem que cobrar imposto sobre as joias que nunca passaram pelas minhas mãos ou pelas mãos da Michelle", ressaltou. "Tudo que o TCU determinou eu cumpri, até entreguei o fuzil, uma pistola, disse que tenho uma pistola que foi presente do meu filho. Se tiver que entregar, entrego."

*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa