A Polícia Federal (PF) realiza, na manhã desta sexta-feira (12/5), uma operação de busca e apreensão de documentos na casa de Marcelo da Silva Vieira, no Rio de Janeiro. Ele era funcionário do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República e responsável pela classificação de presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As informações foram divulgadas pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Ao Correio, o advogado de Marcelo, Eduardo Kuntz disse que a PF apreendeu o celular do seu cliente para investigação de conversas que ele teria mantido com o tenente-coronel Mauro Cid, que está preso preventivamente desde 3 de maio.
Contudo, a defesa questiona a atuação da corporação. "Estou surpreso com a invasão dos direitos de Vieira depois que ele prestou um depoimento de seis horas e foi colaborativo," diz Kuntz. "Ele mostrou o celular para os policiais que o interrogaram e, não satisfeitos, tiramos print e entregamos aos investigadores."
No mês passado, em depoimento à PF sobre o caso das joias sauditas, Marcelo detalhou uma ligação do tenente-coronel Mauro Cid - ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Ao telefone, Cid teria pedido que Marcelo explicasse, no viva-voz, ao então presidente da República, porque não poderia assinar um ofício para tentar liberar bens que "teriam sido encaminhados para o Estado pelo governo da Arábia Saudita", mas estavam retidos na Receita.
Ele disse ainda ter dado explicações técnicas sobre a impossibilidade de assinar o documento solicitando a incorporação de bens retidos pelo órgão, sendo que "apenas ouviu do presidente da República um 'ok, obrigado'".
O advogado também encaminhou à reportagem uma representação ao delegado do caso, do dia 18 de abril, em que questiona a solicitação da entrega do aparelho celular de Marcelo e afirma que estavam à disposição da Justiça para mais esclarecimentos.
Ao Correio, a PF afirmou não ter informações disponíveis para divulgar.
Mauro Cid preso
No dia 3 de maio, a Polícia Federal prendeu preventivamente o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid sob acusações de ter falsificado dados de vacinação contra a covid-19 dele, da família e também do ex-presidente Bolsonaro. Mauro Cid era ajudante de Bolsonaro e filho de um colega do ex-chefe do Executivo no Exército.
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O tenente-coronel foi o pivô da investigação sobre as fraudes nos certificados de vacina, que atinge também Bolsonaro. A PF chegou a encontrar indícios de conversas sobre fraudes realizadas nos dados de vacinação.
Na casa dele na data também foram encontrados 35 mil dólares e R$ 16 mil em espécie e por tanto, ele passou a ser investigado também por lavagem de dinheiro.