O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticou a atuação do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro (União-PR), atual senador, e do ex-coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), eleito deputado federal, por as atuações na operação. Para o decano, houve manipulação e atentado à democracia durante a condução de ambos. A declaração foi dada nesta segunda-feira (8/5), em entrevista ao programa Roda Viva.
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Gilmar Mendes foi questionado sobre o inquérito das fake news e os desdobramentos como, por exemplo, os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele apontou uma campanha difamatória contra o Judiciário. “Acho que vamos caminhar para o desfecho desse inquérito. Mas, veja, tivemos o 8 de janeiro — que não estava no nosso radar. E, de novo, precisamos de uma medida. Uma coisa não podemos esquecer quando nasceu o inquérito das fake news. Uma das usinas de fake news, especialmente contra o Supremo Tribunal Federal, era o próprio Ministério Público”, disse o magistrado.
“Eu até disse que o Brasil em algum momento teve a democracia ameaçada e não era exatamente pelo Executivo. Depois teve esse fenômeno do Executivo, por essa participação, mas por Curitiba. Se nós olharmos a manipulação que se fazia por Polícia Federal, Receita Federal, investigações subliminares, e coisas do tipo, isso era uma prática consolidada de [Sergio] Moro e Deltan Dallagnol e que ameaçava claramente a democracia”, declarou o ministro.
Dallagnol e Moro renunciaram definitivamente aos seus cargos no serviço público para apostar em uma carreira política. O primeiro, ex-coordenador e porta-voz da Lava Jato, se afastou da operação após denúncias de excessos e da divulgação de mensagens suas com o ex-juiz. Sergio Moro, que agora é senador, largou a magistratura para se tornar ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Moro também está envolvido em outra polêmica relacionada ao ministro Gilmar Mendes. No fim do mês passado, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, apresentou ao STF um parecer apontando que o senador teria cometido o crime de calúnia contra o decano da Suprema Corte ao sugerir que o magistrado pratica corrupção passiva. Na representação, o órgão também sugeriu que o parlamentar seja condenado e perca o mandato, caso a pena aplicada seja superior a quatro anos de prisão.
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