O presidente do Chile, Gabriel Boric, fez uma contundente declaração em favor do reingresso da Venezuela nos debates multilaterais, mas criticou a fala do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que o desrespeito aos direitos humanos no país governado por Nicolás Maduro é uma “narrativa”.
Para Boric, que é de esquerda, essa questão “não é uma construção narrativa. É uma realidade séria”, disse o chileno, em um pronunciamento nos jardins do palácio do Itamaraty, que sediou a reunião de cúpula dos líderes dos países da América do Sul.
“Eu manifestei, respeitosamente, que tenho uma discordância com o presidente Lula quando ele diz que a situação dos direitos humanos na Venezuela é uma construção narrativa. Não é uma construção narrativa. É uma realidade séria”, declarou Boric.
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Para o presidente do Chile, os milhares de imigrantes venezuelanos que deixaram o país natal por causa da situação política “exigem uma posição firme e clara de que os direitos humanos sejam respeitados sempre e em todos os lugares, independentemente do viés político do governante de plantão. Isso se aplica para todos nós”.
Ambiente multilateral
Apesar da crítica, Boric elogiou a presença de Maduro na cúpula de Brasília e criticou as sanções econômicas impostas à Venezuela pelos Estados Unidos e países europeus. Para a maioria dos presidentes do subcontinente, essa foi a primeira oportunidade que tiveram para dialogar com Maduro em um ambiente multilateral.
“Nos alegra que a Venezuela retorne às instâncias multilaterais porque cremos que é nesses espaços que se resolvem os problemas, e não com declarações em que somente nos atacamos uns aos outros. Entretanto, isso não pode significar fazer vista grossa a temas que, para nós, são de princípios importantes”, apontou.
“As sanções que se impõem aos povos não debilitam o governante, debilitam os povos. Fazemos um chamado aos Estados Unidos, à Comunidade Europeia a levantar as sanções para permitir que o povo venezuelano possa seguir adiante”, conclamou Boric.
Ele informou ainda, “sem pretensão de gerar polêmica”, que os presidentes vão trabalhar juntos para assegurar que “as próximas eleições (na Venezuela) vão ter todas as garantias que se requer”.
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